São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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MARCELO CRIVELLA

"Vou criar uma zona franca social com a redução de impostos para gerar empregos"

FOLHA - Como senador do PRB, o sr. conseguiu liberar mais verbas de suas emendas do Rio do que a maioria dos parlamentares petistas do Estado. O sr. é o candidato do Lula no Rio?
MARCELO CRIVELLA
- Espero poder ser, mas consegui liberar recursos para minhas emendas em razão da sintonia que mantenho com os projetos do governo.

FOLHA - Nas suas últimas derrotas, em 2004 na disputa pela prefeitura e em 2006 pelo governo do Estado, o sr. foi rejeitado pelas áreas mais ricas da cidade. Como mudar isso?
CRIVELLA
- Grandes líderes nacionais e mundiais foram derrotados. E os derrotados aprendem com o suplício que o povo lhes impõe. Minha candidatura será da paz, para distensionar a cidade. Meu discurso para a zona sul será o de que a melhoria da sua qualidade de vida depende da melhoria nas comunidades carentes. Vou criar a zona franca social -com redução de impostos para criar empregos a partir das demandas da prefeitura. Podemos dar emprego na fabricação de uniformes de crianças das escolas municipais e nas roupas de cama para unidades hospitalares.

FOLHA - As obras do PAC, que serão bandeiras de sua campanha, não podem ser vistas mais como marketing do que como solução para comunidades carentes?
CRIVELLA
- As obras prevêem levar para o morro o que existe no asfalto: biblioteca, transportes, saúde.

FOLHA - Qual seu posicionamento sobre pesquisas com células-tronco, aborto, descriminação das drogas, legalização da prostituição e união de pessoas do mesmo sexo?
CRIVELLA
- Sou a favor das pesquisas com células-tronco. Não há na Bíblia qualquer proibição. O aborto é do ponto de vista da criança um fim sem começo, do ponto de vista da mulher o começo de uma dor sem fim. Droga tem de ser combatida. Prostituição é uma das profissões mais antigas, mas que espero que seja erradicada um dia. Na acho que a homossexualidade seja natural.

FOLHA - O sr. é aguerrido opositor da lei contra a homofobia.
CRIVELLA
- A lei cria uma censura porque não permite opinião contrária ao homossexualismo. Torna crime por supostamente incitar à violência o pai que pretende ensinar ao filho que isso não é natural. Fere as garantias individuais da Constituição. É a instalação da ditadura gay.

FOLHA - O sr. apresentou projeto que aumenta a pena contra jornalistas em casos de calúnia e difamação. Vou propor ao sr. o dilema a que se refere Thomas Jefferson, um dos pais da democracia americana: é melhor um governo sem imprensa ou a imprensa sem governo?
CRIVELLA
- Qualquer poder é arrogante. Imprensa é fundamental. Não sou contra a imprensa, sou contra a infâmia. O projeto pune quem publicar documentos sem autenticidade; as pessoas citadas têm de ser ouvidas. Não é para intimidação, mas para preservar o que a imprensa tem de mais sagrado, a credibilidade.

FOLHA - Mais de 70 fiéis da Igreja Universal, de cidades do Acre ao Rio Grande do Sul, entraram com ações judiciais contra a Folha -em razão de reportagem sobre a expansão empresarial da igreja- repetindo expressões literais em documentos. Não é um sinal de orquestração e de tentativa de intimidação?
CRIVELLA
- Posso garantir que não houve orquestração. Você não vai acreditar, mas não houve. Os evangélicos são pessoas muito caseiras e ficam muito tempo no computador. Quando um faz uma ação, ela circula. As petições são copiadas como foram as que fizemos para tirar dinheiro bloqueado no Plano Collor. Fiz um apelo público para que todas as ações sejam reunidas numa só, permitindo um julgamento único. Compreendo o direito de os fiéis entrarem com as ações, mas acho que elas têm de ser reunidas. Não há interesse paralelo na Igreja Universal.

FOLHA - O sr. busca se dissociar da Universal, mas...
CRIVELLA
- [interrompendo] Sou senador, freqüento a Universal todo domingo, fui missionário na África dez anos. Quem me associa à Universal é a Folha, que não me chama de senador Crivella e sim de bispo Crivella. Não acho que política se mistura com religião.


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