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Eleitorado se afasta e siglas dizem buscar "bandeiras"
Segundo Datafolha, eleitores "sem partido" subiram de 42% a 54% em cinco anos
Siglas dizem tentar chegar mais perto de eleitores; para presidente do DEM, desafio é fazer que pessoas "saibam o que o partido representa"
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais partidos brasileiros dizem que agora estão
em busca de bandeiras que os
aproximem mais dos eleitores.
Segundo dados do Eseb (Estudo Eleitoral Brasileiro, feito
pela Unicamp), de 2002 a 2006
caiu de 40% para 29% o percentual do eleitorado que identificava algum partido político
como representativo de sua
maneira de pensar. O número
de eleitores que disseram gostar pelo menos um pouco de
um partido caiu de 48% a 33%.
Já o Datafolha mostra que,
em maio de 2002, o percentual
de eleitores que não se identificava com nenhum partido atingia 42%. Na época, PT (23%),
PMDB (10%), PFL e PSDB
(ambos com 5%) eram os mais
citados. Na última pesquisa, em
novembro de 2007, os eleitores
"sem partido" somavam 54%
-12 pontos percentuais a mais.
A preferência pelo PT havia
caído para 18%, e a do PMDB,
oscilado para 8%. O PSDB chegou a 8%, mas o DEM caiu a 2%.
Neste ano, mesmo o PMDB,
um partido historicamente
fragmentado, fala em discurso
afinado. Apostilas e DVDs com
aulas sobre história do PMDB
serão apresentados a militantes e candidatos. Um documento, o "MDB/ PMDB, uma sigla
de respeito", foi escrito para firmar as 15 bandeiras do partido,
como "a felicidade é o direito de
todo cidadão" e "política com a
verdade e a honestidade".
José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT, diz que
"há ilhas de indivíduos políticos sem construções partidárias". Para ele, o PT "tem que
ser mais criativo". Ricardo Berzoini, presidente do PT, diz que
"existe obviamente uma credibilidade abaixo do desejável na
média do sistema partidário".
Ele vê uma troca no perfil do
eleitorado petista. "Tem um ganho expressivo por conta do
desempenho do governo federal, mas também de prefeituras
e governos estaduais nossos.
Por outro lado, teve a imagem
afetada pela crise, porque provocou um questionamento no
sentido ético", afirma.
"Hoje o PT tem uma força no
Nordeste que há 15 anos nem
sonhava ter. Em regiões onde o
impacto das políticas do governo foi menor, muitas vezes o
questionamento ético supera a
força das realizações. Depende
muito da região é do estrato social", complementa o presidente do PT.
Um ponto do Eseb que chamou a atenção de especialistas
foi a queda na diferenciação entre partidos. Em 2002, o eleitorado via dois pólos opostos (PT,
PDT e PTB contra PSDB, PFL e
PMDB), mas em 2006 a diferenciação já era muito menor.
Alunos
O deputado Eliseu Padilha
(RS), presidente da Fundação
Ulisses Guimarães, organiza as
aulas peemedebistas, que serão
preparadas por professores da
UnB (Universidade de Brasília). O Rio Grande do Sul é o primeiro a ter aulas obrigatórias.
Lá a expectativa é de 40 mil alunos em 2008. "Se há a unificação do discurso, você torna o
militante mais apto para o proselitismo político. Vai falar sobre o que ele sabe", diz Padilha.
Presidente do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ)
diz que o partido, em sua "refundação", tenta fazer "escolhas que deixem claro para um
nicho de eleitor, de classe média mais urbana, que têm uma
representação clara".
Para o deputado, o DEM fez
"uma defesa de um seguimento
da sociedade que estava carente e que já estava achando que
todos partidos eram iguais,
que, no final, todo mundo se
entendia [no Congresso]".
Maia complementa que o desafio "é fazer que as pessoas saibam o que o partido representa
e o que o partido representa".
Vice-presidente do PSB, Roberto Amaral diz que a crise
partidária é "insuflada no Brasil pela imprensa e por uma crise ideológica". "Uma das coisas
graves é a gelatina. Nossa primeira movimentação foi constituir um bloco de esquerda. A
partir desse bloco, vamos fazer
uma campanha, lançar um programa comum e vamos rodar o
país levando esse programa."
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