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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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"Vamos mudar a política econômica"

Bruno Stuckert/Folha Imagem
Lula é abraçado pela primeira-dama, Marisa, na Granja do Torto


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou a reunião de ontem com os governadores prometendo mudar a política econômica de rigor fiscal e monetário quando possível, a fim de favorecer os mais pobres, e admitindo fazer mais concessões aos Estados na tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional e até ajustes antes de enviá-la ao Legislativo, o que está previsto para ocorrer no próximo dia 30.
Segundo relato de governadores à Folha, Lula adotou um tom emocional no discurso de encerramento da reunião. Depois, disse ainda que nem todas as negativas do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, eram definitivas.
Suas palavras serviram para quebrar resistências às reformas, especialmente em relação à tributária. "Não quero ser só um presidente. Quero ser um presidente que mude o Brasil", disse Lula com a voz embargada, segundo relatos. Em seguida, emendou: "Sei que os mais pobres sofrem com a política econômica que temos de aplicar, mas ela é a possível neste momento. Quando der, vamos mudar. A situação do país quando assumimos era muito difícil". Depois, continuou: "Na hora de aprovar reformas, todos só falam em dificuldades. Vem técnico de um lado, vem consultor de outro... Vamos aprovar essas reformas, sim".
Lula disse ainda que é compromisso seu trabalhar para incentivar o desenvolvimento regional nas área mais pobres. Essa parte agradou aos governadores das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. "Lula agiu como um encantador de serpentes", afirmou Ronaldo Lessa (PSB-AL). O presidente voltou a dizer que herdou uma situação econômica "difícil".
A admissão de mais concessões aconteceu depois que governadores reclamaram diretamente com o ministro Palocci, afirmando que ele só disse "não".
Diante do desapontamento dos governadores, Lula contemporizou: "Nem tudo o que o Palocci disse é definitivo. Vamos ver o que é possível mudar na tramitação [no Congresso" ou até antes de enviar as propostas".
Após a fala de Lula, alguns governadores deixaram otimistas a Granja do Torto. "A reunião surpreendeu porque produziu um resultado que ninguém esperava. O Lula teve muita habilidade para conciliar as divergências", disse Paulo Hartung (PSB-ES).
Aécio Neves (PSDB-MG) também elogiou o discurso: "Foi um libelo ao nacionalismo e à solidariedade." Ele foi um dos que entraram em atrito com o governo antes da reunião. Ao final do encontro, reaproximou-se de Lula.


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