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CONSENSO MÍNIMO
Pela manhã, governadores tucanos reclamam de limitação das propostas; à noite, realçam sinceridade de Lula
PSDB critica ao chegar, mas elogia ao sair
LEILA SUWWAN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Onze horas depois de terem
chegado à reunião da Granja do
Torto cobrando a "redefinição do
pacto federativo" e reclamando
do "caráter limitado" das reformas, os governadores tucanos saíram elogiando a "sinceridade" de
Lula e negando que o apoio à reforma tributária dependa da participação dos Estados na arrecadação de contribuições federais.
Durante as últimas semanas, o
PSDB endureceu o tom contra as
reformas, culminando em uma
reunião nesta semana dos governadores em Rio Quente (GO).
O recuo ontem ficou marcado
pela mudança de discurso dos
principais interlocutores do grupo, os governadores Aécio Neves
(MG) e Geraldo Alckmin (SP)
-ambos apontados como possíveis presidenciáveis em 2006.
O mineiro, que chegou à Granja
do Torto pela manhã atacando o
governo por "buscar o consenso
indefinidamente", saiu à noite defendendo "união em torno do
consenso". "Vamos nos unir em
torno do consenso. Não vamos
valorizar as divergências. É uma
oportunidade inédita e imperdível de fazermos as reformas."
Alckmin, que foi um dos protagonistas da reunião em Goiás, na
qual ficou decidida que seria feita
pressão pela repartição dos recursos da Cide e da CPMF, negou ontem que essas reivindicações fossem condições para o apoio.
"Essas questões estão abertas,
mas não estão condicionadas.
Ninguém vai deixar de votar as
reformas se não tiver isto ou aquilo em troca", disse o tucano.
"Não tem meio apoio. Ou a gente acredita ou não acredita. O meu
apoio é integral. Eu sou coerente",
completou, confirmando sua presença no dia 30, data marcada por
Lula para a entrega dos projetos
no Congresso Nacional.
Mudança semelhante ocorreu
quanto à "rediscussão do pacto
federativo", eufemismo para reivindicar maior participação no
bolo tributário nacional. "Espero
que seja uma reforma que reequilibre a Federação. Ficarmos só no
ICMS é pouco. O governo tem hoje o capital político necessário para construir uma ampla reforma",
disse Aécio, pela manhã.
O governador mineiro chegou a
relacionar a queda-de-braço entre Estados e União à Inconfidência Mineira, que será lembrada na
segunda-feira, 21 de abril. O presidente Lula irá pessoalmente às celebrações em Ouro Preto (MG).
"Exatamente em Ouro Preto
iniciaram-se todos os movimentos libertários, que buscavam o
fortalecimento da federação contra o poder central, na época fora
da colônia. É um local muito inspirador para podermos falar sobre equilíbrio federativo", disse.
À noite, Alckmin assegurava
que a questão na verdade nunca
foi colocada em pauta.
"A idéia da reunião não era mudar o pacto federativo. Já há um
pacto federativo estabelecido pela
Constituição de 1988", disse.
Ele também atenuou a insistência tucana em ir além da unificação do ICMS. "É o primeiro passo
para mudanças futuras. Não será
um passo fácil. É uma reforma
complexa que vai dar um passo
muito significativo."
O tucano também ressaltou que
seu partido está inaugurando
uma nova forma de fazer política.
"A oposição nunca facilitou nada para o governo. Estamos dando um exemplo para o Brasil e fazendo uma oposição que favorece
o país", disse o governador de São
Paulo, depois do encontro.
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