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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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CONSENSO MÍNIMO

Pela manhã, governadores tucanos reclamam de limitação das propostas; à noite, realçam sinceridade de Lula

PSDB critica ao chegar, mas elogia ao sair

LEILA SUWWAN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Onze horas depois de terem chegado à reunião da Granja do Torto cobrando a "redefinição do pacto federativo" e reclamando do "caráter limitado" das reformas, os governadores tucanos saíram elogiando a "sinceridade" de Lula e negando que o apoio à reforma tributária dependa da participação dos Estados na arrecadação de contribuições federais.
Durante as últimas semanas, o PSDB endureceu o tom contra as reformas, culminando em uma reunião nesta semana dos governadores em Rio Quente (GO).
O recuo ontem ficou marcado pela mudança de discurso dos principais interlocutores do grupo, os governadores Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) -ambos apontados como possíveis presidenciáveis em 2006.
O mineiro, que chegou à Granja do Torto pela manhã atacando o governo por "buscar o consenso indefinidamente", saiu à noite defendendo "união em torno do consenso". "Vamos nos unir em torno do consenso. Não vamos valorizar as divergências. É uma oportunidade inédita e imperdível de fazermos as reformas."
Alckmin, que foi um dos protagonistas da reunião em Goiás, na qual ficou decidida que seria feita pressão pela repartição dos recursos da Cide e da CPMF, negou ontem que essas reivindicações fossem condições para o apoio.
"Essas questões estão abertas, mas não estão condicionadas. Ninguém vai deixar de votar as reformas se não tiver isto ou aquilo em troca", disse o tucano.
"Não tem meio apoio. Ou a gente acredita ou não acredita. O meu apoio é integral. Eu sou coerente", completou, confirmando sua presença no dia 30, data marcada por Lula para a entrega dos projetos no Congresso Nacional.
Mudança semelhante ocorreu quanto à "rediscussão do pacto federativo", eufemismo para reivindicar maior participação no bolo tributário nacional. "Espero que seja uma reforma que reequilibre a Federação. Ficarmos só no ICMS é pouco. O governo tem hoje o capital político necessário para construir uma ampla reforma", disse Aécio, pela manhã.
O governador mineiro chegou a relacionar a queda-de-braço entre Estados e União à Inconfidência Mineira, que será lembrada na segunda-feira, 21 de abril. O presidente Lula irá pessoalmente às celebrações em Ouro Preto (MG).
"Exatamente em Ouro Preto iniciaram-se todos os movimentos libertários, que buscavam o fortalecimento da federação contra o poder central, na época fora da colônia. É um local muito inspirador para podermos falar sobre equilíbrio federativo", disse.
À noite, Alckmin assegurava que a questão na verdade nunca foi colocada em pauta.
"A idéia da reunião não era mudar o pacto federativo. Já há um pacto federativo estabelecido pela Constituição de 1988", disse.
Ele também atenuou a insistência tucana em ir além da unificação do ICMS. "É o primeiro passo para mudanças futuras. Não será um passo fácil. É uma reforma complexa que vai dar um passo muito significativo."
O tucano também ressaltou que seu partido está inaugurando uma nova forma de fazer política.
"A oposição nunca facilitou nada para o governo. Estamos dando um exemplo para o Brasil e fazendo uma oposição que favorece o país", disse o governador de São Paulo, depois do encontro.


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