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Nordeste ataca
o adiamento
sobre o ICMS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Menos renúncia fiscal e mais incentivos foram as palavras de ordem dos governadores do Norte e
do Nordeste na reunião do Torto.
Ao final, eles não esconderam o
desapontamento por entenderem
que mais uma vez os Estados mais
fortes fizeram prevalecer seus
pontos de vista em detrimento
dos mais fracos.
Eles deixaram o Torto reclamando do fato de ter sido adiada a
discussão a respeito do modo de
tributação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços). Um dos mais exaltados
era o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB) . Apesar de louvar o entendimento acerca da
unificação do ICMS, ele chamou o
resultado da reunião de ontem de
"vitória dos Estados ricos".
"Pedi que pelo menos o que fosse acrescido ao bolo fosse para os
Estados mais pobres, mas a ganância falou mais alto. Apóio o
Lula, vou com ele ao Congresso
entregar o projeto, mas não é a reforma dos meus sonhos."
A mudança na tributação do
ICMS da origem (produção) para
o destino (consumo) é defendida
por Estados pequenos, principalmente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A alteração enfrenta resistência de Estados que
têm grande produção industrial e
poderiam perder receita, casos de
São Paulo e Minas Gerais.
Embora com menos contundência, governadores de outros
Estados manifestaram posições
semelhantes -casos de Rio
Grande do Norte, Paraíba e Tocantins. Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB) pediu ao presidente
na reunião que seja estabelecida
uma data "firme" para que o assunto seja retomado. Já Marcelo
Miranda (PSDB-TO) se mostrou
decepcionado com o adiamento.
"Tocantins é um Estado pequeno, que teria enormes ganhos
com a tributação no destino",
afirmou. Resignado, Eduardo
Braga (PPS-AM) disse que, pelo
menos, não foram vendidas "falsas esperanças".
Cássio Cunha Lima cobrou projetos para o desenvolvimento do
Nordeste e incentivos fiscais. Ouviu do presidente Lula a promessa
de que vai ser elaborado um plano, talvez não agora, mas certamente até o final do ano.
Mais sorte tiveram os Estados
pequenos, mas exportadores, como o Pará: a maioria dos presentes, inclusive o governo federal,
concordou que eles devem ser
compensados pela renúncia fiscal
que tiveram de assumir em função da Lei Kandir.
Atualmente, os Estados exportadores não só abrem mão de receita de impostos, como ainda
têm de compensar as empresas
exportadoras por impostos que
elas pagaram por material adquirido em outros Estados. "Além de
não cobrar, os Estados exportadores ainda passam a ser devedores das empresas. É um absurdo",
disse Simão Jatene (PSDB-PA).
Lula e Antonio Palocci Filho
(Fazenda) concordaram em estudar algum tipo de compensação a
esses Estados, provavelmente um
fundo a ser constituído com recursos do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ou do Imposto de Importação.
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