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TSE manda Lago deixar governo do MA
Tribunal mantém cassação de pedetista e do vice dele; segunda colocada em 2006, Roseana Sarney vai assumir o cargo
Ministros rejeitaram ontem
quatro recursos contrários à
cassação por abuso de poder
político nas eleições; Lago
pode recorrer ao Supremo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) confirmou na noite
de ontem, por unanimidade, a
cassação do mandato do governador do Maranhão, Jackson
Lago (PDT), e de seu vice, Luiz
Porto (PPS), que devem sair
imediatamente do cargo. Ele
será substituído pela segunda
colocada nas eleições de 2006,
Roseana Sarney (PMDB).
Os ministros negaram quatro
recursos contrários à decisão
que cassou, no início de março,
o mandato de Jackson Lago por
abuso de poder político durante a campanha de 2006.
Os recursos analisados ontem questionavam fatos diferentes. Três deles afirmavam
que o tema era de competência
do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) do Maranhão, onde
não houve julgamento.
O presidente do TSE, Carlos
Ayres Britto, explicou que a jurisprudência do TSE diz que,
em caso de governador, vice-governador, deputado federal,
senador e deputado estadual,
tal competência é do tribunal
superior. "Me causa espécie
que esse novo argumento só seja lançado agora... Me parece
que foi colocado intencionalmente de reserva", disse Britto.
Também argumentavam que
não houve clareza entre os ministros, no julgamento do mérito, sobre os atos ilícitos praticados por Lago. Naquela ocasião,
o ministro Ricardo Lewandowski somente reconheceu a
existência de compra de votos.
Já o relator Eros Grau entendeu que também ocorreu abuso
do poder político. Fernando
Gonçalves, Ayres Britto e Felix
Fischer votaram apenas pelo
abuso de poder político.
Todos os cinco, no entanto,
votaram pela cassação de Lago.
Apenas os ministros Arnaldo
Versiani e Marcelo Ribeiro votaram pela absolvição, argumentando falta de provas.
O argumento não foi acatado
pelos ministros. Lago poderá
recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas é necessária a autorização do presidente
do TSE para que o recurso suba
de instância, e mesmo assim terá de aguardar fora do cargo.
O quarto recurso, também
negado, foi apresentado por
João Melo Bentivi, candidato
derrotado ao governo do Maranhão, pelo antigo Prona (atual
PR), nas eleições em que Jackson saiu vitorioso. Ele queria
que o TSE revisasse a decisão
que declarou empossada Roseana Sarney, determinando
assim novas eleições.
A cassação do mandato de
Lago foi pedida pela coligação
"Maranhão a Força do Povo",
encabeçada por Roseana, que
disse que assumirá hoje o governo e que mudará todo o secretariado. "Eu fiz uma campanha para o governo. Apresentei
projetos. Claro que isso ficou
prejudicado porque eu perdi
mais de dois anos de mandato."
Em 2006, na condição de
candidato ao governo, Lago teria contado com o auxílio do
então governador do Maranhão, José Reinaldo, e, mediante uso da máquina, se beneficiado da assinatura irregular de convênios com 156 municípios do Estado no valor de R$
280 milhões. Além disso, em
pelo menos dois episódios, teria havido compra de votos relatada pelos próprios eleitores
e por um líder comunitário.
Correligionários de Lago organizaram no final da tarde de
ontem uma manifestação em
frente à sede do TSE. Entre os
gritos: "Nenhum passo atrás,
Sarney nunca mais".
Lago é o quarto governador
cassado. Já perderam mandatos Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), em fevereiro, Flamarion
Portela (sem partido-RO), em
2004, e Mão Santa (PMDB-PI),
em 2001.
(FELIPE SELIGMAN)
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