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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ GUERRA DAS TELES
Ex-presidente da Brasil Telecom diz que pessoas próximas a dirigentes petistas foram remuneradas porque prestaram serviços
Executiva e advogado defendem contratos
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A executiva Carla Cico, presidente da Brasil Telecom à época
em que o Opportunity geria os
fundos que controlavam a operadora, negou ontem à Folha que a
concessionária tenha contratado
detetives particulares para investigar autoridades brasileiras.
Em entrevista telefônica, Cico
disse que não conhece o ex-ministro argentino José Luis Manzano e
que a Brasil Telecom jamais teve
qualquer acordo com ele. "Só ouvi falar desse homem no final de
semana, quando saiu a Veja."
Quanto ao ex-presidente da
Kroll no Brasil Frank Holder, Cico
reconheceu a existência de um
contrato. O documento, segundo
ela, foi firmado pela Brasil Telecom America, com sede em Boca
Raton, nos Estados Unidos. Foi
válido entre fevereiro e o final de
agosto do ano passado, com valor
de US$ 800 mil.
"Tratava-se da contratação de
um estudo sobre aspectos de segurança para os usuários dos serviços de VoIP [telefonia pela internet], considerando que queríamos entrar nesse tipo de mercado, que é o futuro da telefonia",
afirmou Cico.
"É um contrato regularmente
firmado, que gerou um relatório
de 120 páginas. Tudo está à disposição da empresa: o contrato e o
resultado do trabalho."
Carla Cico afirmou ter encontrado com Frank Holder "pouquíssimas vezes" depois de ter
saído da Brasil Telecom, no final
de setembro do ano passado.
De acordo com Cico, a Kroll foi
contratada "por alguns milhões
de dólares" porque seu trabalho
ajudaria a provar que a Brasil Telecom vinha sofrendo ataques da
Telecom Italia.
Questionada sobre a contratação de várias pessoas ligadas a dirigentes petistas pela Brasil Telecom -como o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro,
amigo do ex-ministro José Dirceu, que recebeu R$ 8 milhões-
ocorridas quando a executiva comandava a empresa, Carla Cico
evitou o assunto.
"Todas as contratações foram
feitas com base em contratos que
respeitaram as normas da empresa e eram relativos a serviços efetivamente prestados. A Brasil Telecom é uma companhia aberta e,
portanto, submetida a normas de
transparência. Além disso, os números da minha gestão falam por
si", sustentou.
Castro divulgou nota ontem em
que diz ter sido procurado pela
Brasil Telecom no começo de
2004 para atuar numa investigação sobre a venda da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), com suposto prejuízo de R$ 250 milhões. O advogado diz ter negado o convite.
Após cinco meses, segue a nota,
Castro diz ter sido procurado "para atuar no mesmo inquérito,
com a expressa ressalva de que o
trabalho de meu escritório se dirigiria aos aspectos criminais das
ações de determinada empresa
então em litígio com a contratante". Desta vez, ele aceitou a proposta. "O contrato foi firmado e
os honorários foram fixados em
patamares absolutamente compatíveis com os de mercado, menos de 0,5% (meio por cento) do
valor do citado prejuízo", afirma.
"Posteriormente, fui comunicado pela cliente que, devido a uma
decisão empresarial, desaparecera o interesse em qualquer espécie
de litígio com a outra empresa.
Nas tratativas antecedentes à celebração do contrato e ao longo de
toda a sua vigência, não tive nenhum contato com o senhor Daniel Dantas", continua.
Castro afirma ainda ter prestado um segundo serviço para a
Brasil Telecom no caso Kroll. "O
inquérito no bojo do qual foi decretada a busca e apreensão era
atípico: as empresas eram sediadas no Rio de Janeiro, o Juiz era de
São Paulo e o inquérito fora aforado em Brasília."
"Os honorários pactuados foram absolutamente razoáveis,
tendo em vista a dimensão do caso", diz ainda Castro.
O advogado diz ainda que a dimensão dada a sua relação com
Dirceu é "exagerada". "Registro
que, por trabalhar em Brasília há
25 anos, aproximei-me de muitos
políticos ao longo de minha vida
profissional. Já cheguei a advogar,
concomitantemente, para os presidentes do PT, PSDB, PTB e
PFL", completa.
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