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"A verdade me liberta", diz assessora de Dilma
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, recorreu à Bíblia para dar as primeiras declarações públicas sobre
o dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso que
ela mandou confeccionar.
"Tem um trecho na Bíblia que
diz que a verdade nos libertará.
Também, neste caso, para mim
a verdade me liberta", disse ela
à Folha na manhã de ontem,
momentos antes de participar
de uma solenidade em homenagem aos 200 anos da Imprensa Nacional, em Brasília.
Erenice hesitou, num primeiro momento, a falar sobre
as acusações de que foi ela
quem deu a ordem para se levantar os gastos exóticos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Questionada pela
reportagem sobre como se defenderia das declarações de
André Fernandes, assessor do
senador Álvaro Dias (PSDB-PR), e do ex-secretário de Controle Interno, José Aparecido
Nunes Pires, que prometem citar o nome dela na CPI dos
Cartões Corporativos, Erenice
foi direta: "Só gostaria que eles
dissessem a verdade".
A secretária-executiva, contudo, não explicou qual é "a
verdade". Preferiu citar o capítulo 8, versículo 32, do Evangelho segundo o apóstolo João
para falar do dossiê. "E conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará", escreveu João.
Mais da metade deste evangelho é dedicado às palavras de
Jesus Cristo durante seus últimos dias.
Prazer em depor
Erenice disse também que
irá com "prazer" depor na Polícia Federal, que investiga o caso e decidiu ontem indiciar José Aparecido por quebra do sigilo funcional: "Não fui chamada ainda [para depor na PF].
Depende do delegado. Se ele
considerar necessário, tenho o
maior prazer em comparecer lá
e dar as informações".
Enquanto Aparecido prestava depoimento à Polícia Federal, Erenice discursava no auditório da Imprensa Nacional.
Ela lembrou ontem a primeira
vez que pisou no Palácio do Planalto, no segundo governo de
Fernando Henrique Cardoso.
"Eu me recordo que a primeira vez que estive na Presidência
da República, na Casa Civil, na
sala 87, que é a sala de reuniões.
Foi como advogada dos servidores da Imprensa Nacional.
Essa é uma honra na minha
biografia que ninguém tirará",
afirmou.
Neste momento do discurso,
Erenice arrancou aplausos dos
servidores que participavam da
solenidade. Petistas que assistiram ao braço direito da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
discursar afirmam que o tom
foi de desabafo. Erenice falou
por cinco minutos.
"Quando olho para a Imprensa Nacional tenho a certeza de que vale a pena trabalhar
com honestidade, vale a pena
fazer as coisas de forma correta. Essa forma de trabalhar,
correta, é o que me pauta e que,
se Deus quiser, é o que vai continuar sempre pautando a minha conduta", disse a secretária-executiva.
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