São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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"A verdade me liberta", diz assessora de Dilma

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, recorreu à Bíblia para dar as primeiras declarações públicas sobre o dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso que ela mandou confeccionar. "Tem um trecho na Bíblia que diz que a verdade nos libertará. Também, neste caso, para mim a verdade me liberta", disse ela à Folha na manhã de ontem, momentos antes de participar de uma solenidade em homenagem aos 200 anos da Imprensa Nacional, em Brasília.
Erenice hesitou, num primeiro momento, a falar sobre as acusações de que foi ela quem deu a ordem para se levantar os gastos exóticos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Questionada pela reportagem sobre como se defenderia das declarações de André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), e do ex-secretário de Controle Interno, José Aparecido Nunes Pires, que prometem citar o nome dela na CPI dos Cartões Corporativos, Erenice foi direta: "Só gostaria que eles dissessem a verdade".
A secretária-executiva, contudo, não explicou qual é "a verdade". Preferiu citar o capítulo 8, versículo 32, do Evangelho segundo o apóstolo João para falar do dossiê. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", escreveu João. Mais da metade deste evangelho é dedicado às palavras de Jesus Cristo durante seus últimos dias.

Prazer em depor
Erenice disse também que irá com "prazer" depor na Polícia Federal, que investiga o caso e decidiu ontem indiciar José Aparecido por quebra do sigilo funcional: "Não fui chamada ainda [para depor na PF]. Depende do delegado. Se ele considerar necessário, tenho o maior prazer em comparecer lá e dar as informações".
Enquanto Aparecido prestava depoimento à Polícia Federal, Erenice discursava no auditório da Imprensa Nacional. Ela lembrou ontem a primeira vez que pisou no Palácio do Planalto, no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso.
"Eu me recordo que a primeira vez que estive na Presidência da República, na Casa Civil, na sala 87, que é a sala de reuniões. Foi como advogada dos servidores da Imprensa Nacional. Essa é uma honra na minha biografia que ninguém tirará", afirmou.
Neste momento do discurso, Erenice arrancou aplausos dos servidores que participavam da solenidade. Petistas que assistiram ao braço direito da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) discursar afirmam que o tom foi de desabafo. Erenice falou por cinco minutos.
"Quando olho para a Imprensa Nacional tenho a certeza de que vale a pena trabalhar com honestidade, vale a pena fazer as coisas de forma correta. Essa forma de trabalhar, correta, é o que me pauta e que, se Deus quiser, é o que vai continuar sempre pautando a minha conduta", disse a secretária-executiva.


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