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PSDB defende CPI sem "tumultos"
Senador Sérgio Guerra diz que aceita negociar com o governo a forma de conduzir a CPI da Petrobras
Governo não consegue
barrar comissão, mas tem
esperança de esvaziar os
trabalhos da CPI, atrasando
a indicação de membros
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois do fracasso da operação do governo Lula na tentativa de barrar a CPI da Petrobras,
o PSDB sinalizou ontem que
não abre mão de investigar a estatal, mas está disposto a negociar um "projeto rigoroso e seguro" de investigação.
Presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) disse à
Folha que, se o governo quiser,
seu partido aceita "sentar para
negociar um plano rigoroso,
sensato e seguro de investigação" da Petrobras.
De acordo com ele, seu partido não deseja uma CPI no "estilo publicitário, conduzida com
emocionalismo", porque isso
poderia provocar "tumultos"
na comissão e prejudicaria a
"empresa, o país e o próprio
partido [o PSDB]".
Governo e oposição têm usado, nos bastidores, a mesma
munição que pode acabar
freando os ânimos investigatórios -a de que todos têm ou já
tiveram relações próximas com
a Petrobras e uma investigação
profunda poderia afetar interesses de empresários simpáticos a esse ou aquele partido.
Anteontem, o governo tentou até a última hora convencer
senadores a retirarem assinaturas dos dois requerimentos
de criação da CPI da Petrobras,
lidos na manhã de sexta-feira.
O ministro José Múcio (Relações Institucionais) deixou seu
gabinete apenas nas primeiras
horas de ontem, depois de passar a sexta-feira em ligações telefônicas pedindo a desistência
de senadores em apoiar a CPI.
Obteve sucesso no requerimento apresentado pelo senador Romeu Tuma (PTB-SP),
mas falhou no de Álvaro Dias
(PSDB-PR). Das 32 assinaturas
recolhidas pelo tucano, só duas
foram retiradas -de Cristovam
Buarque (PDT-DF) e Aldemir
Santana (DEM-DF). São necessárias pelo menos 27 assinaturas para a criação de uma CPI.
Diante do fracasso de sua
operação, o governo ainda tem
a esperança de esvaziar os trabalhos da comissão. Primeiro,
tentará atrasar a indicação dos
membros da CPI. Depois, espera que um depoimento do presidente da estatal, José Sergio
Gabrielli, possa reduzir a disposição em investigar a empresa.
Os tucanos, contudo, não
aceitam ser "proibidos" de promover uma investigação. O requerimento deles pede que sejam investigadas as obras da refinaria Abreu e Lima (PE), as
suspeitas de manobra contábil
para pagamento de menos impostos e os patrocínios culturais para prefeituras.
Do lado dos democratas, há a
mesma disposição de uma investigação controlada. "A CPI é
fato consumado, mas defendemos que tudo seja feito sem
emoção e com equilíbrio", diz o
líder do DEM no Senado, José
Agripino Maia (RN).
Segundo ele, sua bancada,
antes dividida, agora estará
unida após a investida do governo sobre quatro democratas
para a retirada de suas assinaturas -conseguiu convencer
apenas um, Adelmir Santana.
"Nossa bancada estava fechada com a proposta de, primeiro,
ouvir o Gabrielli. Com a criação
da CPI, agora queremos iniciar
os trabalhos, mas com toda a
responsabilidade que o assunto
exige", afirmou Agripino Maia.
Ele diz que a CPI terá o mérito de revelar se realmente existe uma "caixa preta" na Petrobras e se a divisão de diretorias
entre os partidos da base, principalmente PT e PMDB, está levando a irregularidades.
O governo espera agora contar com o apoio do PMDB para
esvaziar a CPI exatamente pelo
fato de o partido hoje comandar diretorias da empresa.
Os peemedebistas, insatisfeitos com a perda de cargos na
Infraero, contribuíram para a
criação da comissão. Não só
com assinaturas, mas também
com a atitude do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), que deixou o vice-presidente da Casa, Marconi Perillo
(PSDB-GO), presidir a sessão
na sexta-feira, na qual foi lido o
requerimento da CPI.
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