São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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PRESIDENTE 40 / ELEIÇÕES 2010

Marina anuncia Leal como vice e adota discurso ético

Saudado como "vice dos sonhos", dono da Natura deve atrair doações para campanha do PV

Marina endossa ideias de Serra, mas diz que não fará jogo do tucano; campanha ganha slogan: "Seja mais um e seremos milhões"

Rafael Andrade/Folha Imagem
Fernando Gabeira, Gilberto Gil, Marina Silva e Guilherme Leal, no lançamento da pré-candidatura da senadora à Presidência

BERNARDO MELLO FRANCO
CIRILO JUNIOR

ENVIADOS ESPECIAIS A NOVA IGUAÇU (RJ) A senadora Marina Silva confirmou ontem que o empresário Guilherme Leal, da Natura, será o vice de sua chapa à Presidência pelo PV. O anúncio foi feito na festa de lançamento da pré-candidatura, em Nova Iguaçu (RJ).
Marina disse que o fim do suspense dará novo ânimo à campanha. "A grande conquista foi ter o vice dos nossos sonhos. Agora estamos completos, com as duas pernas."
Cortejado pela senadora e por dirigentes do PV, Leal disse ter atendido a uma "convocação impossível de ser negada". "Escolhi Marina para presidente antes de ela me escolher como vice", brincou.
O empresário comunicou a decisão a Marina na sexta-feira. Ele terá a missão de aproximá-la de potenciais doadores de campanha. É apontado como um dos homens mais ricos do país -a revista "Forbes" estima sua fortuna em US$ 1,2 bilhão.
No palanque, Marina reforçou as críticas ao PT, do qual saiu em agosto de 2009, acusando o partido de ter perdido a "capacidade de se conectar com as utopias do século 21".
A senadora endossou ideias defendidas pelo pré-candidato do PSDB, José Serra, como o combate à corrupção e a defesa de mudanças na segurança pública, mas afirmou que não "fará o jogo" do tucano na eleição.
"Algumas pessoas dizem: "A senadora está fazendo o jogo do Serra. (...) Tenho muito respeito e até carinho pelo Serra e pela Dilma [Rousseff], mas não estou fazendo o jogo de ninguém. Estamos fazendo o jogo do Brasil", discursou.
Marina comparou críticas à sua pré-candidatura a ataques sofridos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à época da fundação do PT, em 1980: "O pessoal da esquerda dizia para o Lula que ele estava fazendo o jogo do Golbery [do Couto e Silva, chefe da Casa Civil na ditadura militar]. Mas o Lula estava fazendo o jogo da democracia".
Ela indicou que usará o discurso da ética como plataforma eleitoral, embora hoje em dia pareça "meio chato e udenista" falar em valores na política. "Queremos uma política baseada em princípios que nos levem a uma ação de intolerância com a corrupção."
Após elogiar o Bolsa Família, Marina fez críticas indiretas a Lula. Disse que os líderes devem se comportar como mediadores e não como condutores do povo.
"Um líder não pode e não tem como saber, sozinho, o que é melhor para o povo", afirmou. "Temos que aprender a nos dispor à coautoria, em vez da exclusividade do feito."
A senadora voltou a defender o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), aliado de Serra. Sem a estabilização econômica, argumentou, os programas sociais da gestão petista não teriam saído do papel.

Justiças
"As pessoas me dizem: "Você vai perder voto, nem o PSDB dá o crédito do Plano Real ao Fernando Henrique". Mas eu não falo isso para ganhar voto, falo por justiça", disse Marina.
O PV aproveitou a festa de lançamento para apresentar o novo slogan da presidenciável -"Seja mais um e seremos milhões"- e um jingle em ritmo de samba, cantado por Paulinho Mocidade, conhecido intérprete do carnaval carioca.
Também discursaram artistas que devem frequentar o horário gratuito eleitoral do PV, como o ex-ministro Gilberto Gil (Cultura) e a cantora Adriana Calcanhoto.
A tentativa de aproximar Marina das periferias das grandes cidades marcou as falas dos verdes, que têm pouca tradição eleitoral na Baixada Fluminense. Mas poucos moradores da região participaram da festa.
"Os outros candidatos fizeram pré-convenções em Brasília para o establishment e para os bacanas da política", alfinetou o coordenador da campanha, Alfredo Sirkis.


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