|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aliados controversos exigem malabarismo de Serra e Dilma
Pré-candidatos tentam herdar eleitorado de caciques, mas querem evitar desgaste político
Para evitar peso negativo de possíveis aliados, PT e PSDB usam estratégia de dividir
a atenção em mais de um palanque em alguns Estados
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Collor, Sarney, Garotinho,
Roriz. Donos de robusto cacife
eleitoral, mas alvos de rejeição,
esses cabos eleitorais têm exigido malabarismo de pré-candidaturas à Presidência. Em incursões pelos Estados, os pré-candidatos do PSDB, José Serra, e do PT, Dilma Rousseff, se
equilibram para herdar votos,
mas não o desgaste político.
Para ampliar o eleitorado
sem arcar com o peso da exclusividade desses palanques, uma
estratégia tem sido dividir a
atenção entre dois candidatos
num mesmo Estado.
Em Alagoas, por exemplo, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva declara preferência pelo
pedetista Ronaldo Lessa na
corrida pelo governo do Estado. Mas chama de legítima a
pré-candidatura de Fernando
Collor de Mello (PTB).
"O Lula diz que sou o candidato dele. Mas a Dilma não tem
como recusar um palanque do
Collor. Se ela for num comício
meu numa cidade grande e no
do Collor num grotão, melhor
para ela", resume Lessa.
Em conversa com o presidente nacional do PT, José
Eduardo Dutra (SE), ele avisou:
"Vocês vão ter de descascar esse abacaxi [o apoio de Collor]".
Afirmando que foi Collor
quem decidiu romper com um
acordo no Estado, o deputado
petista Paulo Fernando dos
Santos, o Paulão, reconhece,
porém, que é mais confortável
estar em palanque separado.
"Além disso, vamos esperar para ver o cenário", justifica.
Depois de tentar demovê-la
da ideia de concorrer à reeleição, o comando nacional do
PSDB avisou à governadora Yeda Crusius -cujo governo foi
alvo de denúncias- que ela não
poderá exigir exclusividade de
Serra no Rio Grande do Sul.
Em sua última visita ao Estado, ele se reuniu com Yeda a
portas fechadas e caminhou
com o José Fogaça (PMDB) por
mais de 50 minutos pelo saguão do aeroporto. Ao lado do
ex-prefeito, posou para fotos.
"Nosso medo era que o PSDB
impedisse a candidatura", disse
o presidente estadual do PSDB,
Claudio Diaz.
No Maranhão, os peemedebistas começam a desconfiar
que o "racha" entre duas candidaturas é fruto de estratégia para beneficiar Dilma.
Enquanto Lula promete
apoio formal do PT à candidatura da governadora Roseana
Sarney (PMDB), os radicais do
partido resistem ao acordo.
Roseana -que abriu duas secretarias para o PT mesmo depois de uma opção do partido
pelo PC do B- insiste no apoio
do presidente Lula.
O caso do candidato do PR ao
governo do Rio, Anthony Garotinho, é um clássico. Tanto PT
como PSDB já conversaram
com o ex-governador em busca
de seu apoio no Estado. Mas os
dois partidos veem constrangimento numa composição formal com ele.
Em alguns casos, a avaliação
é a de que um apoio não vale
tanto quanto pesa. Não é à toa
que o PSDB descartou o Distrito Federal como palco para sua
convenção nacional, no dia 12.
Embora o PSDB tenha negociado uma aliança formal com o
PSC, faz questão de adiantar
que o pacote não inclui o acordo com o ex-governador Joaquim Roriz.
Em São Paulo, o PT avaliou
que seria melhor ter o PP como
adversário do que como aliado.
Ainda principal nome do PP no
Estado, o ex-governador Paulo
Maluf se queixou a interlocutores de Dilma. Segundo parlamentares do PP, a ex-ministra
usou, em suas saudações, a expressão "deputados presentes",
numa solenidade em que Maluf
era o único parlamentar.
Recentemente, em entrevista à radio CBN, Serra evocou
Collor e Sarney para minimizar
o eventual apoio de Maluf à sua
candidatura.
"Não é o PP do Maluf. Maluf é
um. Tem muita gente, como
tem o partido do Collor, que é
até o PTB. O Collor vai apoiar a
Dilma. E seu partido não sei por
onde vai", disse Serra.
Tem o Sarney. Tem vários
homens públicos importantes
ou que foram importantes e
que estão divididos entre diversas áreas. Vou querer somar ao
máximo os apoios com base no
meu programa, nas ideias que
apresento, para poder chegar à
população em todos os cantos
do Brasil", alegou Serra.
Presidente nacional do PT,
Dutra duvida que o tema venha
a dominar o debate eleitoral.
"Não existe apoio desconfortável. E não é isso que estará no
debate. Se um for puxar [o assunto] de um lado, o adversário
vai fazer liga de outro."
Texto Anterior: Crise no DF: Deputada vai recorrer contra afastamento Próximo Texto: Corpos no Araguaia foram retirados, diz guia Índice
|