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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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PREVIDENCIÁRIA

Mobilização teria reunido cerca de 3.500 pessoas, entre magistrados e promotores, que preparam greve

Juízes protestam em 21 Estados e no DF

DA AGÊNCIA FOLHA

Juízes e promotores das esferas federal e estadual, entre outras categorias de funcionários públicos, se mobilizaram ontem no Distrito Federal e em pelo menos 21 Estados contra a reforma da Previdência proposta pelo governo federal.
Eles articulam uma greve nacional nas próximas semanas. Os atos foram discretos e tiveram caráter de reuniões públicas. Segundo levantamento parcial divulgado pelas entidades responsáveis pela mobilização, os protestos reuniram cerca de 3.500 pessoas.
O protesto mais expressivo ocorreu em Belo Horizonte (MG), onde cerca 450 manifestantes se reuniram no auditório principal do Fórum Lafayette. No Rio de Janeiro, cerca de 300 juízes estaduais, federais e trabalhistas e integrantes do Ministério Público decidiram, no Tribunal de Justiça do Estado, reforçar sua pressão sobre o Congresso com o objetivo de mudar o projeto de reforma.
Em São Paulo, cerca de 250 juízes e procuradores se reuniram na Associação dos Advogados de São Paulo para lançar o manifesto "Defesa da Previdência Pública". Em Campinas, o ato reuniu outros 250 juízes e procuradores.
"O governo não permite que nós conversemos. Não conseguimos expor nossas posições", disse o presidente da Associação dos Magistrados de MG, Doorgal Borges de Andrade, assinalando que o governo "privatiza indiretamente o serviço público".
Nedens Ulisses, presidente da Associação Mineira do Ministério Público e do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais de Justiça, afirmou que "não se trata de defender privilégios nem benesses". "Quem vai assumir a magistratura de Minas Gerais sabendo que, ao final da sua carreira, vai receber R$ 2.400?", questionou.
Os juízes de Mato Grosso do Sul marcaram para segunda novas mobilizações. Ontem, cerca de 300 pessoas se mobilizaram. Para o presidente da Associação dos Magistrados de MS, Marco André Nogueira Hanson, essa reforma vai "desmantelar o Estado".
Em Alagoas, a Associação dos Magistrados do Estado reuniu cerca de 200 pessoas no auditório do Fórum de Maceió. Durante o ato, ficou definido que será elaborada uma carta a ser entregue aos parlamentares alagoanos com os pontos divergentes da reforma.
Em Curitiba, o protesto foi no TJ e reuniu cerca de 60 profissionais. "É um engodo imaginar que com a reforma, tal como está sendo proposta, vamos ter um país melhor", disse o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Roberto Bacellar.
Em Porto Alegre, 21 varas do Trabalho tiveram de suspender suas audiências. Houve ato público de juízes e servidores em frente à Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e outro no TRT.
No Rio Grande do Norte, a Associação dos Magistrados do Estado organizou ato no auditório do TJ. Na vizinha Paraíba, o mesmo ocorreu no salão do Tribunal do Júri de João Pessoa. "Entendemos que, antes de um ajuste fiscal, essa reforma proposta significa um desmonte do Estado", disse Marcos Salles, da Associação dos Magistrados.
"A reforma é necessária, mas pode e precisa ser aperfeiçoada. Se não houver possibilidade de negociação, a magistratura deve parar", disse o juiz Rodrigo Tolentino de Carvalho, presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses. Em SC, o ato reuniu cerca de 80 pessoas. No Maranhão, protestaram cerca de 200 pessoas. "O ato foi importante para esclarecer juízes e promotores sobre a reforma", disse a juíza Sônia Amaral Ribeiro, da Associação de Magistrados Brasileiros.


Colaboraram a Sucursal de Brasília, a Sucursal do Rio e a Reportagem Local


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