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JANIO DE FREITAS
A CPI necessária
Se fez sentido em algum
momento, pelo menos desde
quinta-feira ruiu o argumento
do governo Lula para se opor à
CPI de remessas ilegais de dinheiro para o exterior, com uso
indevido do mecanismo legal
conhecido como conta CC-5. E,
de quinta para cá, a posição do
governo se torna a cada dia
mais comprometedora.
O desentendimento até conflituoso nos dois delegados federais do caso, em seu depoimento
conjunto na Comissão de Segurança da Câmara, nega que a
investigação parlamentar seja
desnecessária porque a Polícia
Federal já a desenvolve. Basta
constatar que um delegado conclui pela remessa ilegal ou suspeita de US$ 30 bilhões, entre
1996 e 1999, e o outro e seu perito não vão além de US$ 14,9 milhões.
Daí por diante, entre o estilo
teatral do delegado José Castilho Neto e as acusações diretas
que lhe faz o comedido delegado Antonio Carlos Carvalho de
Souza, tudo o que fica evidente
é pouco e simples: os longos e caros meses de investigação da PF,
inclusive nos Estados Unidos,
não chegaram a conclusões
mais consistentes do que a obviedade de que foram feitas altas transferências de dinheiro
de agências bancárias em Foz
do Iguaçu para Nova York.
Ou seja, existem fatos graves e
as linhas de investigação policial, que serviam de escape ao
governo, não se mostraram suficientes. É previsível que muitas das remessas tenham sido
legais. Mas a quanto montam
no total, também desconhecido,
e, por todos os indícios encontrados aqui e nos Estados Unidos, repleto de evasões ilícitas e
lavagem de ganhos criminosos?
A CPI é necessária para sobrepor-se à luta de correntes na PF
e à força de interesses. Opor-se à
investigação daquelas ilicitudes
e crimes é protegê-los. O PT e os
partidos aliados do governo têm
proporcionado outras surpresas
aos seus leitores, não precisam
chegar a esta.
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