São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Recordar é viver

O PSDB, que passou a campanha de 2006 escondendo Fernando Henrique Cardoso e nem mesmo tentou rebater o discurso antiprivatista de Lula, usará o programa no horário de rádio e TV, neste mês, para defender a herança de seu período no Planalto. Na base da guinada está uma pesquisa feita pela MCI, do sociólogo Antonio Lavareda, segundo a qual a população atribui a Lula nada menos que a paternidade da moeda estável, além de associar ao petista programas sociais criados na era tucana, como o vale-gás.
A propaganda vai dizer que, antes de FHC, o salário "não dava até o fim do mês", creditar a ele a expansão da telefonia celular e sustentar que o Bolsa-Família é obra da gestão anterior que Lula "apenas" rebatizou.

Só vantagens. A determinação dos colegas de proteger Renan Calheiros (PMDB-AL) a despeito de tudo e de todos levou um veterano da política a se lembrar da famosa frase de Darcy Ribeiro sobre o Senado: "É como o céu. Com a diferença de que não é preciso morrer para entrar".

Chaleira. Na tarde de sexta, antes de a PF assumir a tarefa, muitos se perguntavam quem realizaria a perícia da papelada apresentada pelo presidente do Senado ao Conselho de Ética. Irritado com a prorrogação da novela, um aliado de Renan respondeu: "Deve ser a mulher do Cafeteira!". O relator, como se sabe, não desejava perícia nenhuma.

Delete. No vaivém de versões de Renan para justificar seus "rendimentos agropecuários", senadores aliados iniciaram a sexta-feira contando a história de Zoraide Beltrão, que seria a verdadeira compradora do gado do presidente da Casa. Depois de perceberem que ela poderia ser caracterizada como chefe de um "laranjal", passaram a dizer que essa história "não tem importância nenhuma".

Dá na mesma. Um ex-ministro de Lula duvida seriamente da eficácia da iniciativa de Tarso Genro (Justiça), que tenta debelar a disputa interna pelo comando da Polícia Federal dizendo que o delegado-geral, Paulo Lacerda, não é interino, pois ficará no cargo até o final do ano: "Quem fica até o final do ano é interino".

Pantufa. Logo depois da vitória na campanha de 2002, Frei Betto, que acaba de lançar livro "crítico" de memórias sobre sua passagem pelo governo, fez um pedido: não queria cargo nenhum; apenas morar com o presidente no Palácio da Alvorada. Lula achou que era um pouco demais e arquivou a idéia.

Paquitos. Ordem da Casa Civil aos ministérios envolvidos no projeto: buscar nome original para o PAC social, de modo a não vulgarizar a sigla do plano econômico, que vem sendo usada para tudo o que o governo diz que vai fazer.

Troco. O PR, que não gostou nem um pouco de perder a área de portos para o PSB, ameaça votar na terça-feira contra a medida provisória que criou a secretaria da área. O governo já entrou em ação para tentar amaciar o partido.

Distrital. Embora grite menos que o PMDB, o PR também está impaciente com a demora nas nomeações regionais do Dnit. A única que saiu até agora foi a de Minas, com o aval do ministro Mares Guia (Relações Institucionais), que quer manter a sigla por perto caso resolva deixar o PTB.

Miscigenação 1. Com a saída de Alexandre de Moraes da disputa, Marcelo Nobre foi apresentado pelo comando do PSDB como opção tucana na indicação da Câmara para o Conselho Nacional de Justiça.

Miscigenação 2. Mas parte da bancada torceu o nariz ao saber que o advogado foi chefe-de-gabinete do vice Hélio Bicudo na gestão de Marta Suplicy (PT) em São Paulo. Passou, então, a defender a indicação do juiz Jorge Berg de Mendonça para o CNJ.

Tiroteio

A verdade em Platão é invisível ao olhar físico, só pode ser atingida pela inteligência. A verdade de Renan também é invisível, mas menospreza a inteligência alheia.


Do filósofo ROBERTO ROMANO sobre o presidente do Senado, que disse não estar pedindo ao Conselho de Ética "o benefício da dúvida", e sim "trazendo a certeza da verdade".

Contraponto

Ao que interessa

A polêmica em torno da lista fechada, sistema no qual o eleitor vota apenas no partido, não é recente. Anos atrás, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi incumbido de tentar convencer o governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005) das vantagens desse modelo.
-A lista vai coibir a força do poder econômico nas votações. Vai acabar com as campanhas milionárias-, argumentava Aldo, enquanto Arraes ouvia atentamente.
Encerrada a longa pregação do "comunista", Arraes deu uma longa baforada em seu charuto e perguntou:
-Está muito bem. Agora me explique quanto é que vai custar para conseguir um lugar nessa tal lista.


Próximo Texto: Auditoria do governo põe cúpula do Dnit sob suspeita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.