São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Inspetor acusado de torturar jornalistas se entrega à polícia

Odinei Fernando da Silva, apontado como chefe de milícia, nega participação em crime e se diz vítima de perseguição

Davi Liberato de Araújo, acusado pela polícia de ser o segundo na hierarquia do grupo criminoso que atua no Rio, foi preso no dia 4


LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

O inspetor da Polícia Civil apontado como o chefe da milícia que teria torturado uma equipe de reportagem do jornal "O Dia" na favela do Batan (zona oeste do Rio) se entregou ontem à polícia. Odinei Fernando da Silva, que era considerado pela polícia foragido desde o último dia 4, negou participação no crime e disse estar sendo vítima de perseguição, de acordo com a Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), que investiga o caso.
Além de Silva, Davi Liberato de Araújo, apontado pela polícia como o segundo na hierarquia da milícia da favela do Batan, foi preso no último dia 4.
Os dois, segundo a polícia, participaram da série de torturas aplicadas a uma equipe de reportagem do jornal "O Dia" que havia se infiltrado por 14 dias na favela do Batan para fazer reportagem sobre a rotina dos moradores sob o mando da milícia. Araújo cumpria pena em regime semi-aberto por receptação e também negou participação nas torturas.
Ao depor, Silva negou qualquer envolvimento na tortura dos jornalistas e também afirmou não pertencer à milícia da favela do Batan, apesar de ter nascido e crescido lá, segundo a polícia. Alegou que, na noite em que a equipe do jornal foi capturada e torturada, ele estava em uma festa fora da favela.
O inspetor afirmou ainda estar sendo perseguido por um grupo criminoso ligado ao deputado estadual do Rio Chiquinho da Mangueira (PMDB), por ter sido responsável por denúncias contra o deputado em 2007, conforme a Draco.
O deputado Chiquinho da Mangueira negou as acusações e disse que, em 2003, Silva o acusou de fazer visitas a presidiários, mas que nunca chegou a conhecê-lo. "Eu fui aos presídios, mas porque era secretário de Esportes do Rio e fazíamos um projeto social em presídios. Ele está querendo se agarrar a uma história para desviar o foco do criminoso, que é ele."
Lotado na 22ª Delegacia de Polícia (Penha), o inspetor Silva já respondeu na Justiça por tentativa de homicídio e chegou a ser citado em relatório da Anistia Internacional sobre uso de brutalidade no sistema penitenciário quando era agente penitenciário, segundo o delegado da Draco Cláudio Ferraz, que investiga o caso.


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