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Minc compara maconha ao cigarro e defende legalização
Ministro foi chamado na Câmara para explicar participação em marcha pró-droga
Minc classificou de "pífios" os resultados de políticas antidrogas pelo mundo e propôs investimentos no tratamento de dependentes
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente) comparou
ontem o efeito da maconha ao
do cigarro e do álcool ao defender a legalização da droga em
audiência na Comissão de Segurança Pública e Combate ao
Crime Organizado da Câmara.
"O álcool faz 25 vezes mais
vítimas do que as drogas ilegais
somadas. Se o que faz mal deve
ser ilegal, a comissão deveria
propor que álcool e cigarro fossem declarados ilegais", argumentou o ministro, que se
apresentou aos deputados como "estudioso" do tema.
Minc foi convocado a explicar na Câmara sua participação
na Marcha da Maconha, manifestação que reuniu cerca de
2.000 pessoas no Rio de Janeiro, em maio. Para Laerte Bessa
(PMDB-DF), o ministro fez
apologia do crime na ocasião.
"Seria apologia o estímulo do
consumo da droga ou a defesa
do descumprimento da lei. Eu
participei de uma manifestação
autorizada pela Justiça", disse
várias vezes Minc durante mais
de três horas de audiência, que
lotou a sala da comissão.
O crime de uso da maconha
deixou de ser punido com pena
de prisão em 2006.
O ministro insistiu que defende novas mudanças na lei
para que o uso e o porte da maconha deixem de ser considerados crimes. Legalizada, a droga
poderia ser vendida em pequenas quantidades e para consumo próprio em estabelecimentos especiais, como na Holanda, defendeu Minc. "Não acho
que isso resolve, é preciso desarmar e combater o tráfico de
drogas", acrescentou.
Minc classificou de "pífios"
os resultados de políticas de repressão às drogas, que já teriam
consumido bilhões de dólares
no mundo. Em seu discurso,
defendeu mais investimentos
na prevenção ao consumo de
drogas e no tratamento dos dependentes químicos.
Autor do requerimento de
convocação do ministro, o deputado Bessa responsabilizou
Minc pelo o aumento do consumo de maconha em Brasília, registrado por um jornal local.
"Vimos a marcha, isso para
mim é uma vergonha, um bando de moleque cantando "sou
maconheiro, com muito orgulho, com muito amor". E Vossa
Excelência lá junto", afirmou.
Bessa propõe a volta da pena
de prisão para os usuários de
drogas, pena que poderia ser
revertida em caso de delação
dos traficantes. "Espero que o
Parlamento não aprove esse
seu projeto", declarou Minc.
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