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Beneficiados dizem que renunciariam ao cartão se tivessem profissão e renda
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CONTAGEM
O sonho de ter uma profissão anima 134 beneficiários
do Bolsa-Família em Contagem (MG), que, a partir de 3
de agosto, vão começar a
participar do projeto-piloto
de incubadora de serviços na
área da construção civil.
Quase todos os selecionados pela Prefeitura de Contagem para participar durante 12 meses da incubadora vivem no pobre e estigmatizado distrito de Nova Contagem (a 22 km do centro do
município). Eles vão participar da oficina que ensinará
algumas habilidades, como
serviços hidráulicos, acabamento, jardinagem e informática. O projeto, vinculado
ao Ministério do Desenvolvimento Social, será executado pela PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais).
A Folha conversou com
cinco selecionados, que afirmaram que devolveriam o
cartão do Bolsa-Família se
conseguirem ter uma profissão e uma renda.
"Entrego, sim. Porque, se
tiver o meu salário, deixo para quem precisa", disse Ermi
Ribeiro de Souza, 44, mãe
solteira de dois filhos (17 e 11
anos) e desempregada. Recebendo do programa do governo federal R$ 15 por mês,
ela diz que espera aprender a
trabalhar na construção civil, pensando em poder ajudar o companheiro pedreiro.
"A informática é o que
mais me atrai", disse Meri
dos Santos Reis Rocha, 29,
casada, mãe de duas crianças
(seis e três anos) e recebendo R$ 30 do programa. "Até
ontem, não estava animada
com nada. Agora estou com
vontade de aprender."
"Aperfeiçoamento"
Casado, desempregado e
com três filhos, o padeiro e
pedreiro Isaias Gonçalves de
Andrade, 28, vive dos R$ 30
que sua mulher recebe do
programa e dos biscates em
padarias. Como pedreiro,
disse ter limitações, por isso
vê no curso a oportunidade
de "aperfeiçoamento para ficar mais graduado".
Ângelo da Silva, 24, solteiro, sete irmãos, foi indicado
para o curso pela mãe, favorecida com R$ 95 do Bolsa-Família. Falando das suas
habilidades com desenho e
grafite, ele espera que o projeto possa lhe dar mais qualificação a ponto de, quem sabe, até poder "abrir uma empreiteira, uma construtora".
Os selecionados vão assim
sonhando com uma profissão e com o fim da dependência do Bolsa-Família.
"Mas só se eu estiver trabalhando. Se tiver desempregada, não adianta nada", disse Jacqueline Moreira de
Oliveira, 34, faxineira, quatro filhos, que recebe R$ 95.
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