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Presidente havia avalizado afastamento na 2ª
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter dito publicamente ontem que Protógenes
Queiroz devia continuar na
Operação Satiagraha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
avalizou na segunda-feira em
conversa com o ministro Tarso
Genro (Justiça) o afastamento
do delegado da investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas.
Mesmo com o esforço para
aplacá-la, a crise acabou chegando à ante-sala do presidente, com conversas gravadas do
advogado e petista Luiz Eduardo Greenhalgh com o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. A ministra da Casa Civil,
Dilma Rousseff, também teria
manifestado irritação com a exposição de seu nome no caso.
Na conversa com o presidente, Tarso afirmou que ele e o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, consideravam "insustentável" a permanência de
Queiroz, apesar da eficiência
técnica do inquérito que culminou na prisão de Dantas.
Tarso disse ainda que Queiroz extrapolara, atropelando
normas da PF -como avisar à
TV Globo da prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta,
filmado ainda de pijama.
A estratégia da cúpula da PF
era, porém, aguardar o encerramento da fase atual do inquérito, com a entrega do relatório
ao Ministério Público. A avaliação era que este não era o momento adequado para afastá-lo.
Mas, sentindo-se desautorizado, o delegado decidiu precipitar sua saída durante reunião
com a cúpula da PF na última
segunda-feira.
Ontem, Lula foi aconselhado
pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos a debelar a crise na
PF e agir pela manutenção de
Queiroz. Além de conversar
com Lula por telefone, ele fez
suas ponderações com um dos
interlocutores do presidente
em audiência no Palácio.
Apesar de críticas à atuação
da PF -especialmente ao impacto das investigações sobre a
economia- Thomaz Bastos
alegou que a destituição alimentaria a idéia de que o governo tenta sufocar a investigação.
O ex-ministro atua hoje na
defesa do empresário Eike Batista, alvo de outra investigação. Seu antigo escritório de advocacia já foi duas vezes contratado por Dantas, ainda quando
Thomaz Bastos comandava o
Ministério da Justiça.
O afastamento do delegado
acabou gerando repercussão
negativa, dando a impressão de
operação-abafa do governo. A
reunião de Queiroz com os superiores da PF, que aconteceu
em São Paulo, foi gravada.
Segundo a PF, o delegado disse na reunião com seus superiores que desejava sair do comando das investigações ou
trabalhar só nos finais de semana.
(KENNEDY ALENCAR e VALDO CRUZ)
Colaborou CATIA SEABRA ,
da Reportagem Local
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