São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Presidente havia avalizado afastamento na 2ª

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ter dito publicamente ontem que Protógenes Queiroz devia continuar na Operação Satiagraha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalizou na segunda-feira em conversa com o ministro Tarso Genro (Justiça) o afastamento do delegado da investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas.
Mesmo com o esforço para aplacá-la, a crise acabou chegando à ante-sala do presidente, com conversas gravadas do advogado e petista Luiz Eduardo Greenhalgh com o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também teria manifestado irritação com a exposição de seu nome no caso.
Na conversa com o presidente, Tarso afirmou que ele e o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, consideravam "insustentável" a permanência de Queiroz, apesar da eficiência técnica do inquérito que culminou na prisão de Dantas. Tarso disse ainda que Queiroz extrapolara, atropelando normas da PF -como avisar à TV Globo da prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, filmado ainda de pijama.
A estratégia da cúpula da PF era, porém, aguardar o encerramento da fase atual do inquérito, com a entrega do relatório ao Ministério Público. A avaliação era que este não era o momento adequado para afastá-lo. Mas, sentindo-se desautorizado, o delegado decidiu precipitar sua saída durante reunião com a cúpula da PF na última segunda-feira.
Ontem, Lula foi aconselhado pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos a debelar a crise na PF e agir pela manutenção de Queiroz. Além de conversar com Lula por telefone, ele fez suas ponderações com um dos interlocutores do presidente em audiência no Palácio.
Apesar de críticas à atuação da PF -especialmente ao impacto das investigações sobre a economia- Thomaz Bastos alegou que a destituição alimentaria a idéia de que o governo tenta sufocar a investigação. O ex-ministro atua hoje na defesa do empresário Eike Batista, alvo de outra investigação. Seu antigo escritório de advocacia já foi duas vezes contratado por Dantas, ainda quando Thomaz Bastos comandava o Ministério da Justiça.
O afastamento do delegado acabou gerando repercussão negativa, dando a impressão de operação-abafa do governo. A reunião de Queiroz com os superiores da PF, que aconteceu em São Paulo, foi gravada.
Segundo a PF, o delegado disse na reunião com seus superiores que desejava sair do comando das investigações ou trabalhar só nos finais de semana. (KENNEDY ALENCAR e VALDO CRUZ)


Colaborou CATIA SEABRA , da Reportagem Local


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