São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Polícia prende 6 por protestos em frente à casa de Yeda no RS

Por meio de cartazes, governadora chamou os manifestantes, na maioria professores da rede pública, de "torturadores de crianças"

Segundo Brigada Militar, 300 pessoas tentaram entrar no local; detidos, que foram liberados depois, afirmam que prisão foi truculenta


Roberto Vinicius/Freelancer
Brigada Militar entra em confronto com manifestantes por protesto pelo impeachment de Yeda Crusius em frente à casa da tucana, que reagiu ao protesto chamando os professores de "torturadores"

ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

Seis pessoas foram detidas na manhã de ontem em Porto Alegre num protesto em frente à casa da governadora Yeda Crusius (PSDB-RS), que reagiu chamando os manifestantes -a maior parte, professores- de "torturadores de crianças".
Os servidores públicos e professores da rede estadual pediam o impeachment da governadora, em ato organizado pelo Cpers (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul), ligado à CUT e à CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).
Yeda vem enfrentando denúncias de corrupção desde novembro de 2007, quando foi deflagrada uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes de cerca de R$ 40 milhões no Detran gaúcho.
O dinheiro teria financiado aliados políticos e favorecido membros do governo. A governadora também é suspeita de ter comprado a casa onde mora com dinheiro de caixa dois. Ela sempre negou as acusações.
A tucana reagiu ao protesto e, do pátio de sua casa, mostrou cartazes em que chamava os professores de "torturadores de crianças", por bloquearem o portão da casa e impedirem seus netos, de 11 e 8 anos, de irem à escola.
Os servidores negaram que tenham dificultado a saída das duas crianças, que conseguiram deixar o local. Yeda disse que vai tomar as "possíveis e merecidas" medidas jurídicas e classificou o ato como "selvagem" e "criminoso".

Detidos
Segundo a Brigada Militar, os cerca de 300 manifestantes agiram com violência e tentaram invadir a casa da governadora.
Os seis detidos -liberados horas mais tarde- foram acusados de perturbação da ordem, tentativa de invasão e constrangimento, além de desobediência e desacato por resistirem à prisão.
Cinco deles devem ser julgados pelas acusações no Juizado Especial Criminal. A vereadora do PSOL Fernanda Melchionna, que também foi detida, tem imunidade parlamentar.
Eles também podem ser acusados de formação de quadrilha caso a promotoria considere adequado, de acordo com o coronel Jones Calixtrato dos Santos, comandante do policiamento de Porto Alegre. "É um grupo reunido para cometer um crime", afirmou.
Os manifestantes disseram que fizeram um protesto pacífico, que foram presos de forma truculenta e que não receberam nenhuma explicação.
"Eu estava parada. Os policiais vieram direto em mim, me prenderam e me jogaram dentro da viatura. Estou cheia de hematomas", disse a professora Neida Oliveira, uma das detidas. As prisões ocorreram no final do protesto, quando o grupo se dissipava.
O coronel Santos negou a acusação e disse que a Brigada Militar atuou tecnicamente pela "preservação da ordem". "O que é truculência? É não deixar pessoas invadirem uma casa? Não fazer vandalismo?", questionou. Segundo ele, as pessoas que foram detidas estavam "insuflando" os manifestantes a voltar à casa da governadora.
Os professores levaram uma caixa de latão para representar as "escolas de lata", contêineres que funcionam como salas de aula provisórias e foram instalados por Yeda no ano passado.
Para Yeda, o protesto foi político, movido por "pseudolíderes" e em nome de "falsas demandas". "Eles não querem acabar com as escolas de lata. Eles querem usar isso para seus propósitos", disse ela, em entrevista à Rádio Gaúcha.


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