São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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SUCESSÃO
PSDB decide pagar viagem do tucano a cidade da Paraíba para evitar acusação de ter infringido a Lei Eleitoral
FHC faz campanha em visita presidencial

DENISE MADUEÑO
enviada especial a Coremas (PB)


O presidente Fernando Henrique Cardoso transformou ontem a viagem oficial ao sertão da Paraíba em viagem de campanha por sua reeleição. O PSDB, partido de FHC, decidiu pagar as despesas do presidente, antecipando a primeira viagem considerada de campanha. O comitê havia preparado o lançamento da candidatura de FHC para este sábado em Porto Alegre (RS).
Em Coremas, o presidente disse que não é candidato de fazer promessas, evitando comprometer-se a realizar uma das obras mais polêmicas para o combate à seca: a transposição das águas do rio São Francisco. "Eu não sou candidato-promessinha. Eu sou presidente da República. Eu tenho de ver as coisas como elas são", afirmou. O presidente afirmou que no prazo de dez meses estará pronto o estudo que vai mostrar se a transposição é viável ou não. O prazo é posterior ao final do mandato atual.
"Nós poderemos, aí sim, com seriedade e sem promessas mentirosas, dizer o que vamos fazer, quando, quanto vai custar e quem (a obra) vai beneficiar. É assim que se muda o Brasil. Como a Paraíba está mudando com o governador Maranhão (José Maranhão) aqui", disse FHC.
O governador Maranhão é candidato ao cargo. Ele foi eleito como vice na chapa do governador Antonio Mariz, já morto.
Antes de concluir o seu discurso, FHC voltou a se referir ao governador-candidato e, de forma indireta, pediu votos para Maranhão. "Eu tenho confiança no Nordeste, porque tenho confiança no povo dessa região, porque eu sei que o povo será capaz de eleger bons governadores como fez aqui no nosso Estado da Paraíba", disse.
O secretário particular de campanha do presidente, José Expedito Prata, disse que o PSDB vai pagar o transporte aéreo do presidente à Paraíba, única despesa do candidato.
Ele usou o Boeing presidencial, um avião Brasília e um helicóptero durante o roteiro de cerca de quatro horas de visita ao Estado.
A assessora de imprensa do presidente, Ana Tavares, afirmou que a inclusão de políticos na comitiva poderia gerar dúvidas sobre o caráter da viagem e, portanto, o partido pagaria as despesas de FHC.
Além de Coremas, o presidente visitou frentes de emergência em Monteiro, na região conhecida por Cariri. O gabinete militar da Presidência deverá enviar a fatura das despesas para o partido.
A despesa da equipe de viagem do presidente, incluindo segurança, médicos, ajudante-de-ordem e assessora de imprensa, será paga pela Presidência da República.
Em Coremas, o presidente visitou o Canal da Redenção que vai levar água do complexo formado pelos açudes de Coremas e Mãe D'Água para as várzeas de Sousa para ser usada em irrigação.
A obra está incompleta. A inauguração do canal foi no dia 2 de julho, no limite permitido pela legislação eleitoral para a participação de candidatos que são chefes de Executivo.
Da inauguração até ontem, o canal estava ainda sob testes. A partir da visita de FHC, o canal começaria a funcionar de forma ininterrupta, segundo o engenheiro Francisco Irlen, coordenador da Secretaria Extraordinária do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos e Minerais. Por enquanto, o canal levará água para riachos na região.
A obra só deverá estar concluída daqui a três anos. O projeto prevê a irrigação de 10 mil hectares. A assessoria do presidente foi cautelosa ao evitar que FHC apertasse qualquer botão para liberar a entrada de águas, o que poderia ser interpretado como inauguração, proibida pela Lei Eleitoral.



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