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SUCESSÃO
PSDB decide pagar viagem do tucano a cidade da Paraíba para evitar acusação de ter infringido a Lei Eleitoral
FHC faz campanha em visita presidencial
DENISE MADUEÑO
enviada especial a Coremas (PB)
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
transformou
ontem a viagem
oficial ao sertão
da Paraíba em
viagem de campanha por sua reeleição. O PSDB,
partido de FHC, decidiu pagar as
despesas do presidente, antecipando a primeira viagem considerada de campanha. O comitê havia
preparado o lançamento da candidatura de FHC para este sábado
em Porto Alegre (RS).
Em Coremas, o presidente disse
que não é candidato de fazer promessas, evitando comprometer-se
a realizar uma das obras mais polêmicas para o combate à seca: a
transposição das águas do rio São
Francisco. "Eu não sou candidato-promessinha. Eu sou presidente da República. Eu tenho de ver as
coisas como elas são", afirmou. O
presidente afirmou que no prazo
de dez meses estará pronto o estudo que vai mostrar se a transposição é viável ou não. O prazo é posterior ao final do mandato atual.
"Nós poderemos, aí sim, com
seriedade e sem promessas mentirosas, dizer o que vamos fazer,
quando, quanto vai custar e quem
(a obra) vai beneficiar. É assim
que se muda o Brasil. Como a Paraíba está mudando com o governador Maranhão (José Maranhão)
aqui", disse FHC.
O governador Maranhão é candidato ao cargo. Ele foi eleito como vice na chapa do governador
Antonio Mariz, já morto.
Antes de concluir o seu discurso,
FHC voltou a se referir ao governador-candidato e, de forma indireta, pediu votos para Maranhão.
"Eu tenho confiança no Nordeste, porque tenho confiança no povo dessa região, porque eu sei que
o povo será capaz de eleger bons
governadores como fez aqui no
nosso Estado da Paraíba", disse.
O secretário particular de campanha do presidente, José Expedito Prata, disse que o PSDB vai pagar o transporte aéreo do presidente à Paraíba, única despesa do
candidato.
Ele usou o Boeing presidencial,
um avião Brasília e um helicóptero
durante o roteiro de cerca de quatro horas de visita ao Estado.
A assessora de imprensa do presidente, Ana Tavares, afirmou que
a inclusão de políticos na comitiva
poderia gerar dúvidas sobre o caráter da viagem e, portanto, o partido pagaria as despesas de FHC.
Além de Coremas, o presidente
visitou frentes de emergência em
Monteiro, na região conhecida
por Cariri. O gabinete militar da
Presidência deverá enviar a fatura
das despesas para o partido.
A despesa da equipe de viagem
do presidente, incluindo segurança, médicos, ajudante-de-ordem e
assessora de imprensa, será paga
pela Presidência da República.
Em Coremas, o presidente visitou o Canal da Redenção que vai
levar água do complexo formado
pelos açudes de Coremas e Mãe
D'Água para as várzeas de Sousa
para ser usada em irrigação.
A obra está incompleta. A inauguração do canal foi no dia 2 de
julho, no limite permitido pela legislação eleitoral para a participação de candidatos que são chefes
de Executivo.
Da inauguração até ontem, o canal estava ainda sob testes. A partir da visita de FHC, o canal começaria a funcionar de forma ininterrupta, segundo o engenheiro
Francisco Irlen, coordenador da
Secretaria Extraordinária do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos
e Minerais. Por enquanto, o canal
levará água para riachos na região.
A obra só deverá estar concluída
daqui a três anos. O projeto prevê
a irrigação de 10 mil hectares. A
assessoria do presidente foi cautelosa ao evitar que FHC apertasse
qualquer botão para liberar a entrada de águas, o que poderia ser
interpretado como inauguração,
proibida pela Lei Eleitoral.
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