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DIPLOMACIA DE CHUTEIRAS
General brasileiro teme que Lula chame chefes de Estado para ver o jogo em Porto Príncipe
Urutu leva seleção para estádio no Haiti
SÉRGIO RANGEL
EDUARDO SCOLESE
ENVIADOS ESPECIAIS A SANTO DOMINGO
Os jogadores da seleção brasileira de futebol desfilarão num
carro de combate antes do jogo
contra o Haiti, amanhã à tarde,
em Porto Príncipe. O Exército
brasileiro reservou sete Urutus
para levar os atletas e a comissão
técnica do aeroporto da capital
até o estádio Sylvio Cator.
O Urutu é um blindado sobre
rodas usado para o transporte
de tropas (leva até 13 militares),
em geral equipado com metralhadora. A escolha de levar os
jogadores no carro de combate é
uma tentativa dos militares brasileiros de agradar aos haitianos, que devem lotar as ruas da
capital amanhã.
"Se os jogadores ficassem
dentro de um ônibus, poderíamos ter mais dificuldades para
chegar ao estádio porque a
chance de as pessoas interromperem o trajeto do ônibus é bem
maior. No Urutu, os jogadores
ficarão com metade do corpo
fora do carro, o que vai facilitar a
operação", disse José Aroldo
Castelo Branco, chefe da seleção. "Quis muito estar aqui e
nada vai me atrapalhar", disse
Roberto Carlos, do Real Madrid, ao chegar na tarde de ontem a Santo Domingo, capital
da República Dominicana, onde
a seleção está concentrada.
Além dos Urutus, 1.200 homens do Exército brasileiro estarão envolvidos no esquema de
segurança. A delegação brasileira só chegará a Porto Príncipe
duas horas antes do jogo. Voltarão para a República Dominicana logo depois do amistoso.
O Haiti está em crise desde o
início do ano, quando rebeldes
avançaram contra Porto Príncipe, exigindo a renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide
-que diz ter sido forçado a deixar o cargo por EUA e França.
Para controlar a crise, uma
força de paz da ONU foi enviada
ao país sob liderança dos EUA.
Dois meses atrás, o comando foi
repassado ao Brasil, que mantém cerca de 1.200 homens no
país. Chamado de "jogo da
paz", o amistoso faz parte do esforço do governo federal para
ajudar a força de paz.
Por causa da instabilidade no
Haiti, o Milan não cedeu Kaká,
Dida e Cafu. Até o início da noite de ontem, Lúcio e Zé Roberto,
ambos do Bayern de Munique,
não haviam se apresentado. Só
Adriano, da Inter de Milão, e
Edmílson, do Barcelona, foram
liberados pela comissão técnica.
O comandante da força de paz
da ONU no Haiti, general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro
Pereira, afirmou estar "muito
preocupado" com a possibilidade de que, no encontro com
chefes de Estado da América
Central e do Caribe hoje em
Santo Domingo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva convide alguns deles para acompanhá-lo a Porto Príncipe para assistir ao amistoso da seleção.
"Realmente estamos muito
preocupados, pois apenas para
o presidente Lula tivemos de fazer um grande esforço. Nossa
tropa não permite grande flexibilidade para segurança", disse.
Segundo o Itamaraty, Lula é o
único chefe de Estado confirmado para o "jogo da paz". Ele assistirá à partida acompanhado
por Joseph Blatter (Fifa) e Ricardo Teixeira (CBF).
Lula deve se reunir hoje à tarde com a seleção em Santo Domingo. O atacante Ronaldo, do
Real Madrid, vai entregar-lhe
uma chuteira personalizada.
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