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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/NOVAS CONEXÕES
Conta utilizada em 1998 para fazer remessas ao publicitário é apontada como receptora de dinheiro desviado de São Paulo
Promotoria aponta elo entre Duda e Maluf
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das contas que pagou o
publicitário Duda Mendonça no
exterior, em 1998, é apontada pelo
Ministério Público como a receptora do suposto dinheiro desviado durante a gestão do ex-prefeito
paulistano Paulo Maluf (PP).
À época, Duda era o responsável pela campanha de Maluf ao
governo de São Paulo -o ex-prefeito perdeu no segundo turno
para o governador Mário Covas
(PSDB), morto em 2001.
A conta que, segundo promotores e procuradores, foi abastecida
com dinheiro desviado durante a
construção da avenida Água Espraiada (hoje Jornalista Roberto
Marinho) é a Chanani, controlada
por um doleiro de São Paulo.
Da mesma conta, segundo documentos encaminhados à CPI
dos Correios, partiram remessas
de dinheiro para o publicitário,
ainda em 1998. A informação foi
confirmada pelo Ministério Público, que pediu a quebra de sigilo
bancário da Chanani nos Estados
Unidos.
Em depoimento à CPI dos Correios, na semana passada, Duda
afirmou ter aberto a empresa
"offshore" Dusseldorf para receber dinheiro da campanha eleitoral do PT de 2002. Disse, no entanto, que era a primeira vez que
recebia por meio de contas no exterior, que isso não era comum.
Por meio de sua assessoria, Maluf nega a remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
Documento
Entre os documentos que estão
no processo aberto contra Maluf e
familiares por suposta lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha
há um comprovante de transferência bancária com a conta da
Chanani como a favorecida.
Segundo cópia do documento
obtida pela Folha, a conta Chanani, número 026003023, no banco
Safra em Nova York, recebeu US$
843.233,56 no dia 20 de janeiro de
1998 por meio da Lespan, uma
"conta-ônibus" -modalidade de
conta usada por doleiros para remeter dinheiro de diferentes
clientes para o exterior, o que dificulta o rastreamento.
A Promotoria também investiga quais outros doleiros e empresas usaram a Lespan para enviar
dinheiro ilegal para fora do país.
Declaração
Em junho de 2002, o nome da
empresa "offshore" Chanani foi
citado em depoimento ao Ministério Público do Estado de São
Paulo por Joel Fernandes, ex-funcionário da construtora Mendes
Júnior, uma das responsáveis pela
construção da avenida Água Espraiada, alvo de investigação por
eventual superfaturamento.
Era a primeira vez que o nome
da empresa surgia no inquérito
aberto contra o ex-prefeito.
Aos promotores, Fernandes
disse que a Mendes Júnior, em
acordo com Maluf e com o sucessor dele, o ex-prefeito Celso Pitta,
pagou cerca de US$ 195 milhões a
empresas-fantasmas subcontratadas. Aproximadamente de 90%
desse valor foi devolvido à empresa e enviado ao exterior por meio
de doleiros.
Cópias dos cheques e das notas
fiscais estão no processo.
Parte desse dinheiro, afirmou o
ex-funcionário da Mendes Júnior
à Promotoria, abasteceu a conta
da Chanani em Nova York.
O depoimento de Fernandes
coincide com o de um outro ex-funcionário da Mendes Júnior, Simeão Damasceno, que também
citou operações de remessa ilegal
de dinheiro por meio da construtora para o exterior.
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