São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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Testemunhas faltam ao depoimento, e Delúbio ganha sobrevida dentro do PT

DA REPORTAGEM LOCAL

O esvaziamento dos depoimentos das testemunhas de defesa do ex-tesoureiro Delúbio Soares na Comissão de Ética do PT deu sobrevida a ele no partido. Cinco dos oito petistas chamados por Delúbio não apareceram ontem na sede da legenda em São Paulo.
As oitivas foram remarcadas e a apresentação do relatório final da comissão, transferida do dia 28 para o 31. Integrantes do partido dizem, em conversas reservadas, que será praticamente impossível a comissão concluir o relatório nessa data, pois não atenderia aos prazos do estatuto do PT.
A comissão, integrada por Lene Teixeira (MG), Luix Costa (RS), Maria Rosa Lazinho (SP), Jonas Paulo (BA) e Luís Turco (SP), é formada em sua maioria por integrantes do Campo Majoritário, corrente interna do partido da qual Delúbio também faz parte. Eles dizem que isso não influenciará na elaboração do relatório.
Presenças não previstas, dois agentes da Polícia Federal chegaram à sede petista durante as oitivas da Comissão de Ética, às 18h10, para intimar o ex-tesoureiro a depor hoje na CPI do Mensalão -a pedido de Delúbio, que alegou cansaço por conta da reunião da Comissão de Ética, a CPI acabou adiando o seu depoimento para amanhã.

Intenção e prática
Na manhã de ontem, o presidente do PT, Tarso Genro, afirmou que Delúbio poderá ser julgado já na reunião de 3 de setembro do Diretório Nacional, instância partidária que analisará o relatório da comissão de ética e dará a palavra final sobre a expulsão ou não do ex-tesoureiro.
"Se a Comissão de Ética tiver terminado o trabalho, a direção vai avaliar o comportamento do ex-tesoureiro", disse Tarso, para quem os processos de julgamento interno do partido terminarão com "punções exemplares".
Mas o resultado da reunião da Comissão de Ética, concluída à noite, pôs em xeque o julgamento de Delúbio já no dia 3 de setembro. As cinco testemunhas que não compareceram ontem, entre elas o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi, serão ouvidas só no próximo domingo.
A comissão também vai colher os depoimentos no secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, e do novo tesoureiro petista, José Pimentel, para avaliar a atual situação financeira da legenda.
Depois de concluídas as oitivas, Delúbio terá, segundo o estatuto do partido, mais dez dias para apresentar suas alegações finais. A comissão, então, terá de analisá-las e, em seguida, elaborar seu relatório num prazo apertado para entregá-lo ao Diretório Nacional no dia 3 de setembro.

Depoimentos
Num depoimento de quatro horas e meia, Delúbio usou a mesma linha já apresentada em sua defesa por escrito entregue à Comissão de Ética. Afirmou que os empréstimos obtidos com o publicitário Marcos Valério serviram para pagar dívidas de campanha e para fortalecer o PT e aliados para as eleições municipais de 2004, segundo a Folha apurou.
As testemunhas de defesa ouvidas ontem são dirigentes petistas do Pará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte.


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