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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LULA NA MIRA
Presidente diz que a crise se manterá por um "bom tempo" e que não ficará isolado
Impeachment está longe do Planalto, afirma Lula
EDUARDO SCOLESE
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem a representantes de movimentos sociais, estudantes e sindicalistas que a possibilidade de impeachment está
distante do Planalto. Disse que a
atual turbulência política vai se
manter por um "bom tempo" e
que não ficará "isolado" e "choramingando" diante da crise.
"Está longe de alguém chegar
aqui e encontrar corrupção e conseguir o impeachment", declarou,
segundo relato de participantes. E
prosseguiu no tema, ao elogiar a
manifestação de ontem na Esplanada dos Ministérios: "Acho coerente vocês [movimentos e entidades] defenderem o estado de
direito e a democracia".
Aos manifestantes, que ontem
nas ruas de Brasília atacaram as
"elites" que defendem o impeachment, o presidente disse que "os
setores que querem derrubar o
governo" poderiam ter atuado
antes, caso não existissem tais
movimentos e entidades.
"Esse processo [de ataques ao
governo] poderia ter ocorrido
muito antes. Só não ocorreu porque fui eleito com uma base social
muito forte e bem organizada",
disse, segundo relatos.
Desde a semana passada, principalmente após o depoimento do
publicitário Duda Mendonça e o
agravamento da crise, a possibilidade de impeachment passou a
ser debatida abertamente. Anteontem, porém, a oposição avaliou que tal investida ainda não
tem sustentação na sociedade.
No encontro de ontem, ocorrido a pedido da Presidência, Lula
iniciou sua fala após ouvir uma
longa pauta de reivindicações dos
movimentos, entre sem-teto,
sem-terra, estudantes e sindicalistas. Lembrou de casos de presidentes que, segundo ele, também
foram "massacrados" durante
seus mandatos. Citou Getúlio
Vargas (1930-1945 e 1951-1954),
Juscelino Kubitschek (1956-1961)
e João Goulart (1961-1964).
A seguir, disse que a população
deve ficar com a "alma machucada" ao ler o noticiário que trata da
atual crise política. "A proporção
de ataques tem se intensificado de
tal forma que o que me anima é a
manutenção de minha popularidade. Ela [popularidade] não se
equivale ao tamanho da porrada."
PT deve desculpas
Assim como fizera em pronunciamento na última sexta-feira,
Lula tratou da "necessidade de o
PT" pedir desculpas à sociedade.
Sobre o partido, Lula citou o
exemplo de uma criança que suja
a fralda e tem vergonha de mostrar aos pais. "O certo seria falar a
verdade e se limpar depois."
Ao tratar da política econômica,
um dos alvos da manifestação de
ontem dos movimentos sociais,
Lula disse haver divergências
dentro do governo sobre os caminhos a adotar, mas não colocou a
sua posição. Se limitou a dizer que
considera "muito alta" a taxa básica de juros, de 19,75% ao ano.
José Alencar
O vice-presidente José Alencar
(PL-MG) saiu ontem em defesa
própria e na do presidente, afirmando que será "muito difícil"
envolvê-los em denúncias de irregularidades.
Em entrevista após solenidade
com militares no Planalto, Alencar confirmou "acordo político"
do PT com o PL nas eleições de
2002 para pagamento de campanha de deputados nos Estados,
mas disse que os recursos não foram repassados.
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