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Sarney defende Lula, culpa o PT e propõe fim da reeleição para 2010
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu primeiro pronunciamento sobre a crise, o ex-presidente da República e senador José
Sarney (PMDB-AP) defendeu a
conduta e a trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva e da esquerda
brasileira, atribuindo os escândalos de caixa dois eleitoral e compra de votos parlamentares a "erros de omissões de dirigentes" do
PT e "ausência de caráter".
Sarney propôs a aprovação de
uma reforma política, com o fim
da reeleição a partir de 2010.
Apesar de considerar que há riscos à democracia, a tônica do discurso foi de resgate da "esperança" e de crítica à conduta política
de quem visa o poder, não o combate à corrupção. Sarney defendeu o espaço conquistado pela esquerda e não falou em golpismo.
Sarney foi aplaudido, mas senadores de oposição contestaram
sua posição, considerada branda
com a responsabilidade do presidente Lula. "Nenhuma história
bonita justifica a corrupção, a má-fé e a desilusão que se espalharam
neste país", disse o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE).
Sarney disse que "não há conduta do presidente Lula que nem
de leve possa atingir o seu mandato. Nenhum crime de responsabilidade". "Não se pode pensar em
banir, através de uma crise, a esquerda da vida política brasileira,
a ela transferindo a ausência de
caráter e de valores morais que
ocorrem em algumas pessoas."
Como solução imediata, além
do rigor das investigações nas
CPIs do Congresso, Sarney propôs uma reforma política transitória para as eleições de 2006, com
voto em lista (não nominal), financiamento público exclusivo
de campanha e a moderação do
presidencialismo com a criação
do cargo de primeiro-ministro.
Apesar de elogiar as oposições
por, anteontem, terem se posicionado contra o impeachment, fez
críticas veladas. "A guerra contra
a corrupção não pode ser utilizada como instrumento para a promoção pessoal ou partidária."
Sarney disse ser necessário "banir da vida pública estes homens
que a enlamearam", mas não citou nomes. Para ele, a reforma
política é necessária porque as raízes da crise estão nas falhas históricas do sistema eleitoral. "O atual
sistema partidário-eleitoral chegou ao fim. Com tristeza podemos reconhecer: apodreceu."
Apontou riscos contra a democracia por causa do "monstruoso
escândalo" da compra de votos.
Para ele, um Congresso fraco abre
espaço para "fórmulas salvadoras". "Ninguém pense que elas estão fora das nossas hipóteses de
perigo. No mundo atual há outras
formas de desestabilização que
não as intervenções militares sofridas ao longo de nossa história: a
política das multidões, o terrorismo, a divisão social".
Sarney encerrou em tom dramático: "Que não morra a esperança e floresça o desencanto".
A oposição rejeitou o discurso
que poupou Lula. "[Sarney] falhou com o Brasil hoje dizendo inverdades sobre o governo Lula,
dizendo que Lula não tem responsabilidade quando é o principal responsável", reagiu Antônio
Carlos Magalhães (PFL-BA).
Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse
que o debate não é sobre PT ou esquerdistas, e sim sobre "os traidores da democracia do Brasil".
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