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Em reunião no Rio, vice de senadora busca o apoio de intelectuais de esquerda
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A moderação dos pronunciamentos recentes e as citações religiosas da candidata
do PSOL à Presidência, Heloísa Helena, foram reclamações apresentadas anteontem ao teórico da campanha,
o cientista político César
Benjamin, em encontro com
25 intelectuais de esquerda.
Vice na chapa, Benjamin
defendeu Heloísa das críticas
acerca dos rumos da campanha e disse que o comportamento da candidata fez gerar
um "caso de amor" entre ela e
a população, o que se reflete
nas últimas pesquisas.
O encontro começou às
21h30 e se estendeu pela madrugada na cobertura no Alto
Leblon onde mora o cineasta
e engenheiro Rubem Corveto, fundador do PT, hoje engajado na campanha da senadora. Participaram economistas, professores universitários, profissionais liberais e
produtores de cinema.
A proposta do encontro era
apresentar, aos intelectuais
desencantados com o governo, a candidatura de Heloísa
como uma opção à de Lula.
Benjamin disse que há dois
meses achava impossível Heloísa chegar ao segundo turno. Hoje, acha improvável.
Em um um mês, imagina que
poderá dizer ser possível.
Coube ao arquiteto Carlos
B. Vainer, professor da UFRJ
(Universidade Federal do Rio
de Janeiro), externar as reclamações dos presentes. Embora tenha manifestado apoio à
candidatura, ele disse não
concordar com o "fundamentalismo religioso" aparente
na campanha.
Segundo ele, Heloísa Helena não fala "às forças organizadas" e apresentou, até agora, "um projeto individual" de
poder. Criticou o "caso de
amor". Atacou o programa de
TV. Disse que ela errou ao se
dirigir a "homens e mulheres
de paz e de bem". "Gostaria
que tivesse falado em homens
e mulheres de luta", concluiu.
Benjamin disse que a postura da senadora vem se mostrando acertada e que, se for
ao segundo turno, ela ganhará a eleição, por não ver Lula
preparado para superá-la nos
debates que virão.
Na saída, os convidados receberam máscaras de Carnaval com o rosto de Heloísa
Helena. Por encomenda de
Corveto, foram confeccionadas mil. A estréia das máscaras ocorrerá em passeata na
orla da zona sul, ainda sem
data.
Em um endereço nobre, os
convidados não tiveram regalias. Para beber, refrigerantes, cerveja em lata e água. Para comer, amendoim e lascas
de cenouras e de pepinos. Por
falta de assentos, alguns ficaram de pé.
Dentre os convidados, Fernando Pelegrino, chefe de gabinete da governadora Rosinha Matheus (PMDB), e o filósofo Jesus Chediak, do Diretório Nacional e da Executiva Nacional do PSC (Partido
Social Cristão). Ambos apoiaram a fracassada campanha
do ex-governador Anthony
Garotinho (PMDB) à Presidência. Não foram chamados
representantes do PSTU e do
PCB, partidos coligados ao
PSOL nesta eleição.
Esteve ainda no encontro o
economista Carlos Lessa, primeiro presidente do BNDES
(Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e coordenador do grupo
que preparou o programa político do PMDB à Presidência.
Co-diretora do recém-lançado documentário "O Sol", a
cineasta Tetê Moraes convidou Benjamin e Heloísa a assistirem ao filme. Foi sugerido ainda que ela venha ao Rio
assistir a "Zuzu". O filme de
Sérgio Rezende trata do drama da estilista Zuzu Angel,
que teve o filho torturado e
morto na ditadura militar.
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