São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Em reunião no Rio, vice de senadora busca o apoio de intelectuais de esquerda

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A moderação dos pronunciamentos recentes e as citações religiosas da candidata do PSOL à Presidência, Heloísa Helena, foram reclamações apresentadas anteontem ao teórico da campanha, o cientista político César Benjamin, em encontro com 25 intelectuais de esquerda.
Vice na chapa, Benjamin defendeu Heloísa das críticas acerca dos rumos da campanha e disse que o comportamento da candidata fez gerar um "caso de amor" entre ela e a população, o que se reflete nas últimas pesquisas.
O encontro começou às 21h30 e se estendeu pela madrugada na cobertura no Alto Leblon onde mora o cineasta e engenheiro Rubem Corveto, fundador do PT, hoje engajado na campanha da senadora. Participaram economistas, professores universitários, profissionais liberais e produtores de cinema.
A proposta do encontro era apresentar, aos intelectuais desencantados com o governo, a candidatura de Heloísa como uma opção à de Lula.
Benjamin disse que há dois meses achava impossível Heloísa chegar ao segundo turno. Hoje, acha improvável. Em um um mês, imagina que poderá dizer ser possível.
Coube ao arquiteto Carlos B. Vainer, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), externar as reclamações dos presentes. Embora tenha manifestado apoio à candidatura, ele disse não concordar com o "fundamentalismo religioso" aparente na campanha.
Segundo ele, Heloísa Helena não fala "às forças organizadas" e apresentou, até agora, "um projeto individual" de poder. Criticou o "caso de amor". Atacou o programa de TV. Disse que ela errou ao se dirigir a "homens e mulheres de paz e de bem". "Gostaria que tivesse falado em homens e mulheres de luta", concluiu.
Benjamin disse que a postura da senadora vem se mostrando acertada e que, se for ao segundo turno, ela ganhará a eleição, por não ver Lula preparado para superá-la nos debates que virão.
Na saída, os convidados receberam máscaras de Carnaval com o rosto de Heloísa Helena. Por encomenda de Corveto, foram confeccionadas mil. A estréia das máscaras ocorrerá em passeata na orla da zona sul, ainda sem data.
Em um endereço nobre, os convidados não tiveram regalias. Para beber, refrigerantes, cerveja em lata e água. Para comer, amendoim e lascas de cenouras e de pepinos. Por falta de assentos, alguns ficaram de pé.
Dentre os convidados, Fernando Pelegrino, chefe de gabinete da governadora Rosinha Matheus (PMDB), e o filósofo Jesus Chediak, do Diretório Nacional e da Executiva Nacional do PSC (Partido Social Cristão). Ambos apoiaram a fracassada campanha do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) à Presidência. Não foram chamados representantes do PSTU e do PCB, partidos coligados ao PSOL nesta eleição.
Esteve ainda no encontro o economista Carlos Lessa, primeiro presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e coordenador do grupo que preparou o programa político do PMDB à Presidência.
Co-diretora do recém-lançado documentário "O Sol", a cineasta Tetê Moraes convidou Benjamin e Heloísa a assistirem ao filme. Foi sugerido ainda que ela venha ao Rio assistir a "Zuzu". O filme de Sérgio Rezende trata do drama da estilista Zuzu Angel, que teve o filho torturado e morto na ditadura militar.


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