São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Presidente de conselho do Senado desqualifica provas

João Alberto (PMDB) diz que não pode considerar palavra dos Vedoin, que são "bandidos"

Com isso, processos contra senadores Ney Suassuna (PMDB), Magno Malta (PL) e Serys Slhessarenko (PT) podem ser arquivados


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), sinalizou ontem que deve arquivar os pedidos de cassação contra os senadores Ney Suassuna (PB), ex-líder de seu partido, e contra os senadores Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). João Alberto desqualificou os depoimentos que são a base da acusação feita pela CPI dos Sanguessugas.
"Não aceito a palavra do Vedoin como prova. Ele é um bandido", afirmou João Alberto, referindo-se aos depoimentos de Darci Vedoin e de seu filho Luiz Antonio Vedoin, donos da Planam, empresa que encabeçou a fraude das ambulâncias.
Os depoimentos são o principal pilar do relatório da CPI, que pediu a cassação dos três senadores e de 69 deputados.
João Alberto argumentou também que supostos depósitos feitos pela quadrilha para um assessor de Suassuna não bastam para incriminá-lo.
"Tem que ver se o senador sabia, se participou", disse ele, acrescentando: "Eu preciso de robustez de provas para abrir os processos". O senador decide até a próxima quinta-feira se abre ou não os processos. Se ele arquivá-los, qualquer membro do conselho pode recorrer ao plenário da decisão.
Suassuna, Serys e Malta são acusados de receber propina para destinar recursos do Orçamento para a aquisição de ambulâncias superfaturadas.
Suassuna teria recebido R$ 222,5 mil por meio do ex-assessor Marcelo Carvalho. Os dois negam participação na fraude.
Malta usou um carro dado ao deputado Lino Rossi (PP-MT) pelos Vedoin. Além disso, há cópia de um cheque de R$ 50 mil com a anotação "Magno Mata" (sic). O senador nega relação com a quadrilha, dizendo que só usou o veículo devido a sua amizade com Rossi.
Os Vedoin afirmam ter pago ao genro de Serys R$ 35 mil. A senadora nega que seu genro tenha recebido o dinheiro.

Câmara
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), marcou para as 11h de terça a instauração dos processos contra os deputados. Ele disse que cerca de dez acusados devem renunciar ao mandato até lá, seguindo o exemplo de Coriolano Sales (PFL-BA).
A Folha apurou que pelo menos outros três deputados -Reginaldo Germano (PP-BA), Nilton Capixaba (PTB-RO) e Marcelino Fraga (PMDB-ES)- já manifestaram a colegas que têm prontas as suas cartas de renúncia.
Ao renunciarem, os acusados evitam a inelegibilidade que viria em caso de cassação. Para que a investigação seja extinta, a renúncia tem que ocorrer antes da abertura do processo no conselho. (FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON e LETÍCIA SANDER)

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