São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Era uma vez

Em meio à crise nos mercados, a "Economist" deu o editorial "Up from the bottom of the pile", algo como subindo do fundo da pilha, sobre a América Latina. "Algo bastante excitante está acontecendo", diz o segundo enunciado. "Especialmente no Brasil e no México, os dois gigantes latino-americanos, as coisas estão melhores hoje do que desde os anos 70." Após juntar argumentos com os fundamentos econômicos, diz que, "mais ainda, a estabilidade e o crescimento mais rápido começam a transformar as condições sociais com velocidade impressionante" em parte por "políticas dos governos democráticos reformistas". Dá, como exemplo disso, que "a renda dos pobres cresce mais rapidamente do que a dos ricos no Brasil, onde a desigualdade é a menor em uma geração".

GUIDO FALA
Antes da reação da Bovespa, o ministro Guido Mantega fez maratona destrambelhada de entrevistas para agências e sites de jornais, para apontar o "fluxo cambial positivo", o "saldo comercial expressivo", que nenhuma "instituição financeira mostra problema". E para espalhar que o Brasil ainda sai da crise "escolhido para investimentos" globais.

GUSTAVO TAMBÉM
Ele não estava sozinho. Na Veja On-line, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco também opinou: "Não estamos apanhando tanto. Somos mais testemunhas que protagonistas nesta história". Protagonistas seriam fundos, desta vez, e não os países.

E JIM O'NEILL
Não é o bem o que avalia o "Wall Street Journal" de hoje, que surgiu on-line ontem. Na primeira página, o destaque foi que os mercados globais "temem que os problemas nos EUA atinjam o crescimento mundial". E que "países como Rússia, Brasil e Indonésia", apesar dos fundamentos mais sólidos, "seguem vulneráveis porque seu crescimento veio do boom das commodities", atingidas nos últimos dias.
No dizer de Jim O'Neill, o criador do acrônimo Bric e fonte central do "WSJ", sobre ontem: "A sensação é muito assustadora, para ser franco". Mas ele "e outros confiam que os consumidores em grandes mercados emergentes como a China seguirão comprando".

economist.com
DARWIN E AS BOLSAS
A "Economist", em seu editorial de capa, diz que "a nova ordem financeira mundial está passando por seu teste mais difícil" e que pode não ser "bonito, mas é necessário". Os "bancos e investidores devem sofrer exatamente porque os métodos se mostraram falhos". Sem se importar em "parecer darwinista", afirma que "pagar pelo pecado é o que leva o sistema a evoluir"


É HORA DE COMPRAR?
Ao longo do dia, sites de Europa e Ásia, do "FT" ao "Le Monde" e do "China Daily" ao "Economic Times", focaram seus respectivos mercados.
Já à noite, em submanchete no "Economic Times" e no "WSJ Asia", respectivamente, "É hora de pescar no fundo" e "É hora de comprar? Alguns dizem que fundo está perto". As bolsas iam abrir pregão.

NÃO, PELO JEITO
Na manchete do site de mercados da Dow Jones, MarketWatch, ontem às 23h, "Ações asiáticas tremem de novo". A bolsa japonesa já abriu em queda, em função da valorização do yen em relação ao dólar -e de seu impacto sobre exportadores do país.
As bolsas de Coréia do Sul e Austrália, que haviam aberto em alta, caíram em seguida.

A CANA E AS USINAS
Depois de resistir, negociar e afinal liberar as usinas do rio Madeira, a ministra Marina Silva deu entrevista à Agência Brasil, ontem no destaque no site, para dizer que "biocombustível pode crescer sem afetar meio ambiente".
O novo correspondente da "Economist" ainda está mais interessado, porém, na resistência dos "ambientalistas" às usinas. Viajou a Rondônia, entrevistou o governador Ivo Cassol e falou em "sério risco" de falta de energia no país.


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