São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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Pesquisa aumenta pressão contra Sarney, diz oposição

Revelação de que 74% querem saída de senador deve pesar em decisão do Conselho de Ética

Aliados negam reviravolta contra o peemedebista; "os senadores vão agir de acordo com a consciência", afirma Cândido Vacarezza (PT-SP)

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição no Senado usará os resultados de pesquisa Datafolha divulgados ontem como mais um argumento de pressão sobre os senadores do Conselho de Ética. O colegiado deve definir nesta semana se abre ou não processo contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), acusado de quebra de decoro.
O levantamento mostra que 74% dos brasileiros defendem a saída de Sarney da Presidência do Senado. Para 66%, ele está envolvido nas irregularidades que cercam o seu nome. Sarney é acusado de se beneficiar de atos secretos -parentes dele foram contratados e exonerados por esse mecanismo-, e de receber ilegalmente auxílio-moradia. Também há denúncias de desvio de dinheiro na fundação que leva seu nome.
O Datafolha mostrou ainda uma piora na avaliação do Congresso, visto por 44% da população como "ruim ou péssimo". Índice maior foi registrado na época do escândalo do mensalão, em 2005, com 48% de ruim ou péssimo, e em novembro de 2007 (45%), quando o Senado vivia outra crise.
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o "resultado da pesquisa deve-se ao Sarney e ao grupo que ele representa." "O PT tem duas alternativas: apoiar o Sarney e se dar mal com o povo ou não apoiar o Sarney e se dar mal com o PMDB", disse Guerra.
São os três senadores do PT no Conselho de Ética que podem definir o futuro de Sarney uma vez que o PMDB, partido do presidente da Casa, só tem três votos e precisa do apoio dos petistas para derrubar os recursos da oposição que pedem a reabertura dos processos contra Sarney. São 11 os pedidos de investigação que foram arquivados pelo presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ).
"Os resultados deveriam ter peso na decisão dos senadores, afinal a pesquisa mostra que de cada quatro brasileiros, três pensam que Sarney deveria sair da presidência. É uma coisa fortíssima. Este índice permite que a gente conclua que não há uma única classe da sociedade na qual Sarney não seja reprovado", afirmou o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi na mesma linha: "Espero que qualquer coisa possa influenciar. A pesquisa está mostrando a solução. O problema de hoje é a Presidência do Senado".
Reservadamente, aliados de Sarney reconhecem que os resultados da pesquisa farão ainda mais barulho nas discussões do Conselho. Mas eles rejeitam a possibilidade de uma reviravolta contra o peemedebista. "Seria um absurdo se tivesse influência. O voto é pessoal, não tem nada a ver com o que pensa a opinião pública. Quando o povo elege seu representante transfere para ele a decisão", disse o senador Almeida Lima (PMDB-SE).
"Não terá impacto. Os senadores vão agir de acordo com a consciência", afirmou o líder do PT, Cândido Vacarezza (SP).
A assessoria de Sarney informou que ele não se pronunciaria sobre os resultados da pesquisa. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não retornou aos telefonemas da Folha. Deputados procuraram restringir a má avaliação do Congresso à crise no Senado.


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