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Pesquisa aumenta pressão contra Sarney, diz oposição
Revelação de que 74% querem saída de senador deve pesar em decisão do Conselho de Ética
Aliados negam reviravolta
contra o peemedebista; "os
senadores vão agir de acordo
com a consciência", afirma
Cândido Vacarezza (PT-SP)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição no Senado usará
os resultados de pesquisa Datafolha divulgados ontem como
mais um argumento de pressão
sobre os senadores do Conselho de Ética. O colegiado deve
definir nesta semana se abre ou
não processo contra o presidente da Casa, José Sarney
(PMDB-AP), acusado de quebra de decoro.
O levantamento mostra que
74% dos brasileiros defendem a
saída de Sarney da Presidência
do Senado. Para 66%, ele está
envolvido nas irregularidades
que cercam o seu nome. Sarney
é acusado de se beneficiar de
atos secretos -parentes dele
foram contratados e exonerados por esse mecanismo-, e de
receber ilegalmente auxílio-moradia. Também há denúncias de desvio de dinheiro na
fundação que leva seu nome.
O Datafolha mostrou ainda
uma piora na avaliação do Congresso, visto por 44% da população como "ruim ou péssimo".
Índice maior foi registrado na
época do escândalo do mensalão, em 2005, com 48% de ruim
ou péssimo, e em novembro de
2007 (45%), quando o Senado
vivia outra crise.
O presidente nacional do
PSDB, senador Sérgio Guerra
(PE), disse que o "resultado da
pesquisa deve-se ao Sarney e ao
grupo que ele representa." "O
PT tem duas alternativas:
apoiar o Sarney e se dar mal
com o povo ou não apoiar o Sarney e se dar mal com o PMDB",
disse Guerra.
São os três senadores do PT
no Conselho de Ética que podem definir o futuro de Sarney
uma vez que o PMDB, partido
do presidente da Casa, só tem
três votos e precisa do apoio
dos petistas para derrubar os
recursos da oposição que pedem a reabertura dos processos
contra Sarney. São 11 os pedidos de investigação que foram
arquivados pelo presidente do
colegiado, Paulo Duque
(PMDB-RJ).
"Os resultados deveriam ter
peso na decisão dos senadores,
afinal a pesquisa mostra que de
cada quatro brasileiros, três
pensam que Sarney deveria sair
da presidência. É uma coisa
fortíssima. Este índice permite
que a gente conclua que não há
uma única classe da sociedade
na qual Sarney não seja reprovado", afirmou o líder do PSDB
na Câmara, José Aníbal (SP).
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi na mesma linha: "Espero que qualquer coisa possa influenciar. A pesquisa
está mostrando a solução. O
problema de hoje é a Presidência do Senado".
Reservadamente, aliados de
Sarney reconhecem que os resultados da pesquisa farão ainda mais barulho nas discussões
do Conselho. Mas eles rejeitam
a possibilidade de uma reviravolta contra o peemedebista.
"Seria um absurdo se tivesse
influência. O voto é pessoal,
não tem nada a ver com o que
pensa a opinião pública. Quando o povo elege seu representante transfere para ele a decisão", disse o senador Almeida
Lima (PMDB-SE).
"Não terá impacto. Os senadores vão agir de acordo com a
consciência", afirmou o líder do
PT, Cândido Vacarezza (SP).
A assessoria de Sarney informou que ele não se pronunciaria sobre os resultados da pesquisa. O presidente da Câmara,
Michel Temer (PMDB-SP), não
retornou aos telefonemas da
Folha. Deputados procuraram
restringir a má avaliação do
Congresso à crise no Senado.
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