São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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Bispo liga denúncia a crescimento da Record

Líder da Universal, Edir Macedo dá entrevista a TV vinculada à igreja e acusa parte da mídia de "preconceito religioso"

"Repórter Record" acusa um dos promotores que fizeram a denúncia de ser parcial em favor da Globo; Promotoria deve se manifestar hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

O bispo Edir Macedo afirmou ontem, na primeira entrevista desde que a Justiça acolheu denúncia contra a Igreja Universal do Reino de Deus, que as acusações surgiram em razão do crescimento da TV Record, ligada à igreja. A entrevista foi ao ar no "Repórter Record", ontem à noite.
"Antes, eles [a TV Globo] tinham medo que eu fosse candidato a presidente da República. Hoje, têm medo que a Record chegue ao primeiro lugar", afirmou Macedo.
O líder da Universal acusou parte da mídia de "preconceito religioso" e disse que as denúncias não o afetaram em absolutamente nada. Segundo ele, a igreja deve crescer neste momento em que é "atacada".
O bispo também afirmou que o dinheiro da Universal não vai para a Record -acusação feita pelo Ministério Público-, mas para a construção de templos e obras e ações de caridade.
A reportagem deixou clara a ligação entre a Universal e a Record. Em imagem da repórter no avião de carreira a caminho de Miami, exclusivamente para a entrevista, ela diz que está pensando nas perguntas que terá de fazer ao "chefe". A entrevista tentou mostrar o bispo como um homem simples e bem-humorado, que "chegou dirigindo o próprio carro".
Macedo defendeu o uso de aviões particulares pela Universal, dando a entender que poderia ser alvo de tentativas de assassinato. "Se eu não tivesse avião, os outros passageiros estariam correndo risco de vida", afirmou, dizendo que o crescimento da Universal "está incomodando os poderosos, que estão aí há muitos séculos".
O líder da Universal afirmou que sua "maior ambição é colocar a Record lá em cima". "Nós vamos arrebentar", disse.
Além da entrevista, o programa voltou a atacar a Globo, que, por sua vez, no "Fantástico", falou de fieis que se dizem ludibriados pela Universal.

Ataque a promotor
A Record também atacou Roberto Porto, um dos quatro promotores que fizeram a denúncia acatada pela Justiça paulista. O "Repórter Record" questionou sua isenção e afirmou que Porto foi punido por beneficiar a TV Globo.
O promotor ficou afastado do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de novembro de 2003 a abril de 2004, por causa da divulgação de uma gravação do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, reclamando do Regime Disciplinar Diferenciado na penitenciária de Presidente Bernardes. A entrevista foi levada ao ar pela TV Globo.
A Folha deixou recado no celular do promotor ontem à noite, mas ele não ligou de volta até a conclusão desta edição. A assessoria do Ministério Público afirmou que a entidade só deve se manifestar hoje.


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