São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petista admite esforço para vencer eleição ainda no primeiro turno

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU

Pela primeira vez na atual campanha, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez ontem referência clara à possibilidade de vencer a eleição no primeiro turno.
"Se depender do meu esforço, vou fazer o possível para ganhar as eleições o mais rápido que puder", declarou Lula, ao iniciar discurso para 20 mil pessoas no centro de Aracaju (SE). No final da fala, ele despediu-se dizendo: "Até a vitória em 6 de outubro".
As referências de Lula não foram gratuitas. Levantamentos internos do PT indicam a possibilidade de ele crescer mais nas próximas pesquisas. A ordem no partido é evitar publicamente o tema para afastar acusações de "salto alto", mas os petistas avaliam que, caso Lula chegue perto dos 45%, será inevitável a deflagração de uma ação para tentar vencer a eleição no primeiro turno.
Antes do discurso, em entrevista coletiva, Lula disse que manterá sua linha de campanha sem ataques diretos a adversários, apesar de o tom das críticas ao governo federal já ter aumentado. Declarou que isso ocorrerá mesmo "se houver segundo turno": "Quero ter o maior número de votos em 6 de outubro. Mas a eleição no Brasil é complicada. Se tiver segundo turno, vamos manter nossa estratégia", declarou o presidenciável.
O petista também disse que a tentativa de José Serra (PSDB), de criticá-lo por seu suposto despreparo pode acabar prejudicando o próprio tucano. "É impensável que no novo milênio ainda tenha gente que utilize o preconceito como arma. Qualquer coisa desse tipo se volta contra a pessoa", disse.

Equipe
Ecoando a propaganda exibida em seu programa de TV, que procura exibir uma vasta equipe de assessores para neutralizar a acusação de despreparo, Lula afirmou que nunca vai "governar sozinho". Dirigindo-se à parcela da elite que o critica, o candidato foi irônico: "Quero tomar decisões junto com muita gente competente. Pretendo ensinar à elite brasileira como governar este país".
Nos últimos dias, a campanha de Serra tem procurado fazer uma comparação entre o preparo intelectual e a capacidade administrativa de ambos, buscando forçar uma polarização com o petista. Sem citá-lo nominalmente, Lula declarou ainda que não ia julgar o procurador da República Luiz Francisco de Souza, acusado ontem por Serra de agir de forma eleitoreira para favorecer o PT.
"Tenho tido admiração pelo Ministério Público nos últimos anos. Mas não julgo o comportamento do promotor", disse. O petista disse que, ao atacar Luiz Francisco, o tucano está na verdade tentando atrair a atenção para si mesmo: "Quem não chora não mama. Quem não tem argumento tenta jogar a culpa em cima dos outros", afirmou. A campanha de Lula será agora voltada para os principais colégios eleitorais, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Sua agenda também deverá se concentrar em Estados nos quais o partido tem chance real de eleger o governador, caso de José Eduardo Dutra, em Sergipe, que ocupa a segunda posição nas pesquisas.
No comício de ontem, Lula recebeu o apoio do senador Antonio Carlos Valadares, que pertence ao PSB do presidenciável Anthony Garotinho. Também havia dezenas de pessoas com camisas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Ao comentar sua liderança nas pesquisas de intenção de voto, Lula se confundiu e trocou de lugar os verbos de um ditado popular: "Estamos plantando o que nós colhemos estes anos todos".


Texto Anterior:
ELEIÇÕES 2002
Serra reage a rumor sobre vitória de Lula e radicaliza ataques ao PT

Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.