São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Veredas

Embora não desencoraje os pretendentes à sua mão, Aécio Neves fará de tudo para viabilizar seu projeto presidencial de 2010 dentro do próprio PSDB. A aliados, o governador de Minas Gerais confidencia não sentir firmeza no PMDB e menos ainda em outras propostas que lhe são feitas.
Entre os peemedebistas, Aécio teme ser vítima da mesma armadilha que abateu Itamar Franco em 1998 e Anthony Garotinho neste ano. Não quer ser refém da dupla Sarney-Renan nem acredita que Lula o escolheria como candidato. O PSB, outra opção oferecida, nem lhe passa pela cabeça. Ali está Ciro Gomes, outro que pavimenta a estrada para a sucessão de Lula.

Lembrete. De todas as interpretações oferecidas para a carta de FHC, a mais ferina dá conta de que o ex-presidente teria feito uma ameaça velada a Aécio Neves ao mencionar o passado do PSDB de Minas com Marcos Valério. Algo na linha: "não caia no colo de Lula; a vítima pode ser você".

Sim ou não? Aécio discute com a coordenação de campanha a possibilidade de comparecer ao debate da Globo. Acha que pegaria bem para um franco favorito. Ao mesmo tempo, disse a pelo menos um aliado que já decidiu não ir, para não dar ao confronto com Nilmário Miranda (PT) ares de segundo turno.

Trator. Newton Cardoso (PMDB) tem dito a prefeitos de Minas que, eleito ou não senador, será ministro dos Transportes no eventual segundo mandato de Lula. O ex-governador acrescenta que o aval já teria sido dado pelo presidente e pela dupla José Sarney-Renan Calheiros.

Ponte aérea. Lula pediu ao comando da campanha que organize sua agenda, no segundo turno, reservando tempo para Pernambuco e Rio Grande do Sul, onde pretende alavancar candidatos aliados.

Motivacional. A campanha de Alckmin avalia que, se o tucano passar ao segundo turno, terá um escrete de governadores eleitos na primeira etapa muito mais disposto a trabalhar por ele. O problema, admitem, é conseguir que o candidato chegue até lá.

Agito. Gente graúda do governo se mexeu, de quinta para sexta, na tentativa de impedir o flagrante dos petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos, presos pela PF em São Paulo com R$ 1,7 mi que seria usado para a compra de dossiê contra Serra e Alckmin.

Pacote. Quem conhece esse tipo de negócio assegura que o material apreendido pela PF em Cuiabá com um primo de Luiz Antonio Vedoin não vale R$ 1,7 mi. O dinheiro, portanto, serviria para pagar também outros serviços.

Estrangeiro. Todos os personagens, inclusive os presos com o R$ 1,7 mi, são de Mato Grosso. Aparentemente, só o dinheiro era de São Paulo, única explicação para o local em que a dupla foi detida.

Afinidades. A empresa Saneg Saneamento e Construção, de propriedade de um dos irmãos de Valdebran Padilha, preso pela PF por suspeita de negociar material contra os tucanos com a máfia dos sanguessugas, destinou R$ 50 mil para a campanha do petista Alexandre Cesar à Prefeitura de Cuiabá em 2004.

Modinha 1. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), compôs uma trova para ironizar o fato de Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, ter descartado o envolvimento do tucano Antero Paes de Barros (MT) na máfia.

Modinha 2. Verseja a petista Ideli: "Ao ver o Gabeira tão rapidamente/ avaliar o Antero inocentemente/ se contra nós ele cerra os dentes/ um poema me vem à mente/ não se fazem mais Gabeiras tão contundentes/ como havia recentemente".

Tiroteio

O PT está aproveitando o que sobrou do dinheiro do mensalão e dos sanguessugas para conter a iminente vitória de Serra em São Paulo e o crescimento de Alckmin no Brasil.


Do deputado federal JÚLIO SEMEGHINI (PSDB-SP) sobre a prisão dos petistas com R$ 1,7 mi que seria usado, segundo a Polícia Federal, para pagar por um dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin.

Contraponto

Também quero

Em 1986, Tasso Jereissati, ainda no PMDB, elegeu-se governador pela primeira vez, com um discurso duro contra os políticos tradicionais do Ceará. Num comício em Juazeiro do Norte, no auge da campanha, um candidato a deputado, Marcos Fernandes, começou a discursar:
-Esta noite tive um sonho. O Padre Cícero aparecia e dizia: "Meu filho, o povo escolherá Tasso governador".
Ovacionado, acrescentou que o padroeiro também havia previsto sua eleição para deputado. E não fez menção a Mauro Benevides, que concorria ao Senado na chapa.
Na sua vez de falar, Benevides não se fez de rogado:
-Meu filho, faça um favor: me inclua aí nessa visão!


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