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ELEIÇÕES 2006 / SANGUESSUGAS
Serra cobra explicações sobre origem do dinheiro
"Existe aí R$ 1,7 mi que apareceu transportado por gente ligada a partidos", disse
Ex-prefeito de São Paulo pelo PSDB diz que entrevista dos Vedoin à revista "IstoÉ" é "uma evidente baixaria, um amontoado de mentiras"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem citar as siglas, o candidato do PSDB ao governo de São
Paulo, José Serra, cobrou ontem dos partidos adversários
explicações sobre a origem e o
destino do R$ 1,7 milhão supostamente destinado à compra de
informações contra ele.
"Existe aí R$ 1,7 milhão que
apareceu transportado por
gente ligada a partidos políticos. E a eles caberá explicar de
onde veio esse dinheiro e qual
era a finalidade", disse Serra,
usando seis vezes a expressão
baixaria para descrever a operação descoberta pela Polícia.
Questionado se teria ligação
com a empresa Planam, Serra
não comentou o teor da entrevista dos Vedoin, publicada pela revista "IstoÉ": "Trata-se de
uma evidente baixaria, um
amontoado de mentiras descaradas. Importante neste momento é que a sociedade fique
sabendo de onde veio esse dinheiro. Dinheiro não nasce em
árvore e R$ 1,7 milhão, muito
menos se encontra na rua".
Além do PT, Serra insinuou a
participação de Orestes Quércia (PMDB) ao frisar, num discurso, que é preciso se preparar
"para a baixaria porque os adversários -e ponho no plural-
estão prontos para isso".
"Não tenho nenhuma evidência de que se trate apenas
de um [adversário]", disse. O
imbróglio lançou o PSDB numa
ofensiva. O presidente do partido, Tasso Jereissati, telefonou
para o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, pedindo que as investigações tenham
um acompanhamento externo.
O presidente estadual do
PSDB, Sidney Beraldo, perguntou, em nota divulgada pelo
partido. "Será que era pagamento pelas denúncias falsas
que o chefe da máfia recentemente deu a imprensa?".
Por determinação de Serra, a
assessoria jurídica da campanha vai entrar na Justiça contra
os autores da denúncia de que o
tucano teria beneficiado a máfia dos sanguessugas no Ministério da Saúde. Ontem mesmo,
o advogado Ricardo Penteado
apresentou ao TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) dois pedidos de direito de resposta.
Um contra a revista "IstoÉ"
(que traz a entrevista dos Vedoin) e outro contra o candidato do PMDB, Orestes Quércia,
que exibiu a reportagem no
programa de sexta. Segundo
Penteado, além de não ter identificado a origem da propaganda, Quércia desrespeitou a regra pela qual é vedada a degradação do adversário sob pena
de perda do tempo de programa um dia após a veiculação.
Penteado disse ainda que entrará com representação no
Ministério Público para que os
envolvidos na operação flagrada pela Polícia Federal sejam
responsabilizados criminalmente. Segundo ele, após análise dos depoimentos feitos à PF,
o PT também deverá ser alvo de
medidas judiciais. "Para mim,
pelo que visa a atingir [a imagem de que petistas e tucanos
são iguais], essa ação remete ao
PT nacional", disse o advogado.
Coordenador-geral da campanha de Serra, José Henrique
Reis Lobo disse que o "PT faz
política da única maneira que
está no DNA deles: através de
mentiras e provas forjadas". Ao
comentar o possível envolvimento do candidato do PMDB,
disse que "não acharia estranho que o sr. Orestes Quércia
tenha participação nessa coisa
da "IstoÉ'". "Ele tem destinado
o tempo do programa de TV
praticamente para nos atacar".
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