São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

PSDB serrista reage à crítica de Alckmin e elogia Kassab

Aloysio Nunes Ferreira, da Casa Civil, diz que prefeito faz "governo admirável"

Alckmin diz que kassabistas não têm "compromisso com o PSDB, têm compromisso com o poder'; Serra reclama do programa de TV tucano


DA REPORTAGEM LOCAL

Em pé de guerra, tucanos alckmistas e kassabistas expuseram ontem suas garras, elevando a temperatura na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Um dia depois de o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, atacar a atual administração na TV, secretários municipais tucanos defenderam publicamente o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM).
Alckmin, em novo ataque, chamou Kassab e seus aliados de oportunistas e acusou os kassabistas de "afundar" o PSDB: "Não têm o menor compromisso com o PSDB. Têm compromisso com o poder".
De tão acalorada, a discussão chegou ao Palácio dos Bandeirantes, de onde o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, rompeu o silêncio e chamou de injusta a crítica de Alckmin. "É um governo admirável, seguindo à risca o programa estabelecido por Serra, aprovado pelo povo e prestigiado por Kassab. A crítica é injusta e complica relações de forças políticas que deverão estar aliadas no segundo turno", disse Ferreira.
A avaliação no palácio é a de que o comportamento de Alckmin afugenta o governador da campanha. Em conversas, o próprio Serra se queixou da "canelada" que Alckmin deu em Kassab ao levar à TV o episódio do "vagabundo".
A batalha de ontem começou no lançamento do programa de Kassab. Tucanos defenderam o prefeito dos ataques de véspera, quando Alckmin disse que Kassab rompera com o PSDB.
Amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-ministro José Gregori disse que "Kassab tem seguido linha por linha" o programa de Serra. "São Paulo merece e deve sufragar o nome de Kassab", pregou Gregori, hoje presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos.
O secretário de Governo, Clóvis Carvalho, disse que a cidade está no rumo "absolutamente certo". Januário Montone (Saúde) declarou: "Vamos ao segundo turno e à vitória".
O ex-ministro Caio Carvalho citou nomes históricos do PSDB para concluir: "As pessoas que estão aqui têm história. Tenho uma honra muito grande e quero continuar mais uma vez com você", afirmou.
Recém-desfiliado do PSDB, o secretário de Planejamento, Manuelito Magalhães, elogiou o respeito de Kassab às diretrizes fixadas por Serra.
À tarde, Alckmin atacou quem "não respeita" o partido. Disse que há "oportunismo de ambos os lados", tanto de Kassab, que se apropriou de idéias do PSDB, quanto dos tucanos que o apóiam. Ao responder se lamentava que fundadores do PSDB estivessem com o prefeito, Alckmin disse que a ajuda deles "foi afundar [o PSDB]".
Até ontem calado, Ferreira foi o porta-voz da insatisfação de Serra. "O PSDB não rompeu com a gestão Kassab. Pelo contrário, continua no comando de setores cruciais do governo, como educação e saúde, onde secretários tucanos fazem um trabalho admirável", frisou o secretário, lembrando que foram essas as palavras de Serra numa entrevista à Folha.
Em junho, Serra afirmou que apoiaria Alckmin se fosse essa a escolha do partido, mas mandou um recado: "Não deixarei de reconhecer e defender sempre a qualidade da ação administrativa e política do Gilberto Kassab e de sua excelente equipe, que deram seqüência, ponto por ponto, à minha gestão".
Ontem, Kassab disse ter seguido "milimetricamente" o plano de Serra. "Tenho certeza absoluta de que ele se orgulha."
Apesar da reação, o marqueteiro de Alckmin, Raul Cruz Lima manterá o roteiro: "Vamos subindo [o tom] aos poucos, vendo o que acontece como resultado". (ANA FLOR, CATIA SEABRA E FERNANDO BARROS DE MELLO)


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