São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

"What crisis? Go ask Bush"

Pelas páginas iniciais e escaladas, ontem no país, Lula "minimiza" a crise global e prevê que o impacto no Brasil será "quase imperceptível". Aqui e ali, os enunciados arriscavam a resposta de maior efeito do brasileiro: "Que crise? Vai perguntar para o Bush". Pelo exterior, no fim do dia, via Associated Press: "What crisis? Go ask Bush".
Enquanto isso, a economista Maria da Conceição Tavares, em curta entrevista ao portal Terra, se dizia "muito tranqüila" quanto ao Brasil. Já "a economia americana foi para o buraco, com o sistema financeiro em pedaços". Sobre as ajudas do Fed, entre risos, "isso é que é liberalismo, o resto é conversa".

FIM DA HISTÓRIA
Os sites de "New York Times", "Wall Street Journal" e "Financial Times" entraram pela noite procurando, a todo custo, confirmar a estatização da AIG -que teria vazado e levado à alta em Wall Street.
Na manchete on-line do primeiro, às 23h, "Fed prepara empréstimo de US$ 85 bilhões por controle de 80%". Sem o dinheiro, a AIG abriria falência.

"SÉCULO 21"
Alex Majioli/esquire.com
Wall Street não estava na agenda. Ontem, Lula apareceu no "Financial Times" assinando o artigo "Nações desenvolvidas devem liderar" no combate ao aquecimento, não cobrar que "países pobres reduzam emissão suspendendo o esforço para reduzir a pobreza". Ontem também, pelas agências do Google, sobre reunião do primeiro-ministro com Lula, "Noruega promete US$ 1 bi para preservar Amazônia".
Ao fundo, Daniel Bergamasco postou que a "Esquire" traz Lula (acima) como uma das "pessoas mais influentes do século 21". A lista abre pelo russo Roman Abramovich, por ser "o oligarca favorito de Putin", passa por Clinton, "um agente de mudanças e agitador", e chega até Lula, "o Clinton da América do Sul".

E TUPI CONTINUA
Anteontem, em plena crise, as buscas de Brasil por Google e Yahoo News destacavam a compra de dez plataformas pela Petrobras.
Já ontem, a Dow Jones deu que executivos de petróleo acham a exploração de Tupi "mais fácil" do que em campo no Golfo do México. E a Galp, associada à Petrobras, disse via Reuters que Júpiter e Iara produzirão "um ou dois anos" depois de Tupi.

NÃO AOS SAUDITAS
Ontem também, na Xinhua, "Brasil recusa convite para se juntar à Opep", o cartel dos produtores de petróleo. Desta vez, o convite foi da Arábia Saudita, como sublinhavam as agências ocidentais, no topo das buscas.
Nos despachos, ecoando a estatal Agência Brasil, "alto executivo" da Petrobras dizia que a recusa da Opep se deve ao projeto de refinar -e não vender óleo bruto.

GLOBO E O GOVERNADOR
Encerrando a resistência, "Forças Armadas prendem governador de Pando" ou "Governador preso em operação militar", nos enunciados da estatal Agência Boliviana e do oposicionista "La Razón".
Já por aqui o "Jornal Nacional" entrevistou e destacou, na escalada, "Governador da oposição é preso acusado de 30 mortes, mas diz que foi uma farsa de Evo Morales". De todo modo, o telejornal já permite ao menos as expressões "massacre" e "Unasul".

"WP" VS. EVO
O "Washington Post" deu editorial para dizer que "Evo leva a Bolívia à desintegração" e a Casa Branca divulgou a avaliação de que Evo não combate o tráfico -e poderia perder o apoio financeiro dos EUA. O boliviano "La Razón" destacou em manchete tanto uma como outra.

"EL PAÍS" VS. EVO
Também o "El País" deu editorial atacando Evo, dias antes. Mas já anteontem, no Comunique-se, um membro do foro da ONU para questões indígenas reagia, acusando o espanhol por desinformação -e por manipulação da mídia boliviana, a começar de seu próprio "La Razón".

VIVER DE RENDA
Na home do UOL, o pastor Silas Malafaia "compra a madrugada da Band". A rede, "um mês depois de arrendar o canal 21 por cinco anos" para o pastor Ronaldo Didini, cedeu a madrugada por quatro anos.
E o pastor R.R. Soares já comanda hoje parte do horário nobre da Band, concessão pública.

UNS E OUTROS
observatoriodemidia.org.br
Na pesquisa semanal do Observatório Brasileiro de Mídia, vinculado ao Media Watch de Ignacio Ramonet, "Alckmin e Marta têm noticiário desfavorável, Kassab e Soninha favorável", nos maiores jornais de São Paulo


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@ - Nelson de Sá



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