|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Câmara deve derrubar reforma do Senado
Apenas trecho que se refere ao uso da internet nas campanhas, mais liberal que a versão dos deputados, deve ser mantido
Eleição direta em caso de cassação de governador ou prefeito é um dos itens que devem cair; Senado criticou tendência de derrubada
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara tendia ontem a
derrubar a maior parte das mudanças feitas pelo Senado na
reforma eleitoral, com exceção
da versão aprovada para a internet, considerada mais liberal e que enfrentava resistências em alguns partidos.
Até o fechamento desta edição, o projeto da reforma eleitoral não havia sido votado pelos deputados, o que poderia
ocorrer ainda ontem.
Antes resistente, o relator da
matéria na Câmara, deputado
Flávio Dino (PC do B-MA),
aceitou deixar inalterado o texto do Senado sobre internet.
Seu discurso era o de que a versão dos senadores é aceitável.
"A tendência é caminharmos
com o texto do Senado. Cristalizou-se uma ideia de que o texto da Câmara é mais restritivo
na internet, embora eu considere isso falso", disse Dino.
A mesma posição foi defendida por representantes dos principais partidos: PT, PMDB,
DEM e PSDB. Havia ainda resistências entre partidos como
PP, PTB e PR, que defendiam a
volta ao texto da Câmara.
O texto aprovado pelos deputados em julho equiparou a cobertura eleitoral da internet à
de rádios e TVs, que são concessões públicas e por isso têm
mais amarras. Não podem utilizar "trucagens", por exemplo,
nem fazer entrevistas com apenas grupos de candidatos.
Na versão que chegou do Senado, é considerada "livre a
manifestação de pensamento"
na internet, seja em sites, portais, blogs, redes de relacionamento, YouTube ou Twitter.
Apenas um ponto ficou restrito, o que se refere a debates.
Nesses casos, a internet precisaria seguir regras impostas a
rádios e TVs incluídas pelo Senado: participação de no mínimo dois terços dos candidatos,
assegurando o direito aos partidos com pelo menos dez parlamentares no Congresso.
A maioria das modificações
colocadas pelos senadores deve
cair, como a previsão de eleição
direta sempre que houver cassação de governadores e prefeitos pela Justiça Eleitoral. O argumento dos deputados é que a
mudança é inconstitucional.
Outro ponto que provavelmente será derrubado é uma
emenda exigindo que os candidatos tenham "reputação ilibada". O problema, nesse caso, é
definir critérios para isso.
Com medo de passarem a impressão de que defendem políticos com fichas suja, os deputados estudavam ontem derrubar a medida com base numa
tecnicalidade: a de que, segundo o artigo 14 da Constituição,
casos de inelegibilidade devem
ser assuntos de lei complementar, e não lei ordinária, como é a
reforma eleitoral. Eles devem
também excluir a definição dos
senadores de que dados do IBGE devem definir a metodologia de institutos de pesquisa.
Ainda havia dúvidas sobre o
que aconteceria com algumas
das modificações incluídas pelos senadores, como a proibição de que governos realizem
propaganda oficial quatro meses antes da eleição.
A possibilidade desses itens
serem derrotados gerou protestos entre os senadores. "São
medidas que moralizam a administração pública, independentemente de quem estiver
no governo", disse o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP).
Texto Anterior: Análises: As resistências que existem ao nome de Toffoli Próximo Texto: Frases Índice
|