São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2001

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MATO GROSSO DO SUL

Agiosul é acusada de imprimir ilegalmente material do PT e de ONGs, entre outros

Inquérito investigará gráfica oficial

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A promotora Mara Cristiane Bortolini abriu inquérito civil para apurar a utilização para fins político-partidários da Agiosul (Agência da Imprensa Oficial de Mato Grosso do Sul), prática denunciada por gráficas do Estado no mês passado.
Ela também incluiu no processo a acusação de enriquecimento ilícito contra o diretor-presidente da Agiosul, Ubirajara Gonçalves de Lima. Segundo ela, há "fortes indícios" de irregularidades.
No início de setembro, 21 gráficas entregaram à promotora cópias de material gráfico do PT, de ONGs e de outros materiais que teriam sido impressos ilegalmente na Agiosul. Bortolini ouviu 16 testemunhas, entre ex-funcionários da Agiosul e donos de gráfica.
Segundo ela, há "uma grande coincidência" nos depoimentos dos ex-funcionários sobre os trabalhos irregulares, que teriam sido feitos fora do expediente.
O diretor-presidente da Agiosul nega as acusações de uso ilegal da gráfica e de enriquecimento ilícito. Segundo Lima, as denúncias são uma "represália" de ex-funcionários -haveria 150 quando ele assumiu o cargo contra 76 hoje. O diretor da Agiosul também fala na existência de uma "máfia das gráficas" no Estado.
O secretário de Governo de Mato Grosso do Sul, Ben-Hur Ferreira, também acredita em retaliação de funcionários demitidos (veja texto ao lado)

Depoimento
Givanildo dos Santos, um dos ex-funcionários da Agiosul que foram ouvidos pela promotora, diz ter presenciado o uso irregular da gráfica "mais de uma centena de vezes". No seu depoimento, ele também acusa Lima de reter parte do salários de funcionários da Agiosul com cargos de confiança.
De acordo com ele, Lima teria lhe oferecido um cargo com salário de cerca de R$ 900 com a condição de que devolvesse R$ 400. Ele disse que não aceitou, mas acabou nomeado para um cargo de R$ 410.
A promotoria também recebeu um disquete contendo alguns trabalhos irregulares, que teriam sido retirados do computador da Agiosul.
Laudo preliminar afirma que a data dos arquivos encontrados de santinhos de candidatos a vereador do PT coincide com a período em que as testemunhas teriam visto as irregularidades.
Santos afirmou que esses santinhos ficavam escondidos no banheiro de Lima e que ele mesmo (Santos) os distribuiu em cidades do norte do Estado utilizando um carro oficial com chapa fria, para não despertar atenção.
Recém-desfiliado do PT, o ex-funcionário hoje trabalha como assessor de um vereador do PSDB, em Coxim.


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