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PT SOB SUSPEITA
Empresário que apontou propina só deve ser ouvido após o 2º turno
Manobra adiou depoimento de testemunha-chave de CPI
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Em uma manobra realizada na
noite de anteontem, vereadores
da CPI criada em Santo André para apurar suposto esquema de
propina para financiar campanhas do PT decidiram cancelar o
depoimento de uma das principais testemunhas do Ministério
Público, marcado para ontem.
O depoimento, do empresário
do setor de transporte Luiz Alberto Gabrilli Filho, só deverá ocorrer depois do segundo turno das
eleições, pois, além de outros motivos -segundo os parlamentares- um dos integrantes da CPI
está em viagem. Desde o início da
CPI, em pelo menos três casos os
depoentes foram ouvidos sem
que todos os vereadores estivessem presentes. A CPI foi prorrogada até o dia 18 de novembro.
Gabrilli disse à Promotoria que,
em reuniões nas quais participou
na Prefeitura de Santo André de
1997 até o início deste ano para
discutir o valor da propina que
disse ter pago por mais de cinco
anos, ouviu que o dinheiro era para financiar campanhas petistas.
Ontem, em entrevista convocada pelo empresário, ele reafirmou
o que disse. Gabrilli Filho chorou
ao relembrar, segundo disse, da
cobrança da "taxa para circular
pela cidade", feita pelo secretário
afastado de Serviços Municipais
de Santo André, o vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza. "Não
vou à casa dele [à Câmara, onde é
vereador" depor nunca."
Desde a sexta-feira passada, segundo documento em poder da
Folha enviado por Gabrilli Filho e
recebido pela Câmara Municipal,
o depoimento estava marcado para ocorrer na sede da empresa Expresso Guarará, da família Gabrilli. Antes da sexta, a família tinha
cogitado fazer o depoimento na
casa do depoente, por recomendação médica. O empresário sofreu transplante de rim em maio.
Segundo a filha do empresário,
Rosangela Gabrilli, para não ter
de divulgar o endereço da família,
foi decidido que o depoimento seria dado na empresa. "Isso na sexta-feira. Não houve nenhuma discordância dos vereadores, tanto
que segunda-feira veio um funcionário da Câmara verificar o espaço no escritório para a equipe
que iria tomar o depoimento."
Na terça à tarde, a reportagem
da Folha ligou para o vereador
Antonio Leite para confirmar o
endereço do depoimento. Ele deu
o endereço da empresa dos Gabrilli. Ontem, ao ser questionado por
que teria dado esse endereço, Leite respondeu não ter "se atido"
que no documento enviado por
Gabrilli não havia o da residência.
No documento, contudo, está escrito que "o endereço a seguir é da
sede da Expresso Guarará".
Apesar de o documento ter sido
protocolado na Câmara na sexta,
com o endereço da empresa, Leite
afirmou que só recebeu o papel na
segunda, às 14h. Mesmo assim, só
informou os demais membros da
CPI na terça à tarde. "Se [os vereadores" sabiam antes da terça, não
foram leais comigo", disse o relator, Donizete Pereira (PV).
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