São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Magistrados contestam os dados oficiais

DA REPORTAGEM LOCAL

Juízes aparecem nas listas de filiados fornecidas pelos partidos à Justiça Eleitoral. A maioria disse ter sido filiada ainda no tempo estudantil, mas abandonou qualquer atividade partidária após entrar na magistratura.
Alguns, porém, disseram que nunca foram filiados e vão pedir uma apuração sobre o assunto, sugerindo que seus dados pessoais possam ter sido manipulados pelos partidos.
O juiz da 29ª Vara Cível de São Paulo, Manoel Justino Bezerra Filho, 60, que aparece como filiado ao PMDB, disse que se filiou ao partido "há mais de 30 anos". Conta ter tido atividade partidária entre 74 e 77, período do regime militar. "Na época, lutávamos pelas garantias dos nossos direitos básicos, como liberdade. E não me arrependo disso", afirmou. "Mas depois me mudei de bairro, ingressei na magistratura, nunca mais tive qualquer atividade, por isso estranho o meu nome ainda constar", diz o juiz.
Foi filiado ao PMDB na década de 80 o então estudante Pedro Paulo Maillet Preuss. Hoje, aos 41 anos, é juiz da 4ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros. "Era a época da campanha das diretas", disse. Preuss afirmou que, ao ingressar na magistratura, em 1988, pediu sua desfiliação. "É uma surpresa descobrir que meu nome ainda consta como filiado, isso foi há mais de 22 anos. Vou pedir novamente a retirada do meu nome. Se houve erro na hora de o partido dar baixa, o erro não foi meu."
O juiz corregedor auxiliar dos presídios, Paulo Eduardo de Almeida Sorci, 36, também disse que não sabia que ainda era filiado ao PSDB. Disse porém que, por não ser juiz eleitoral, não via impedimento para ser filiado. Após conversar com a corregedoria do Tribunal de Justiça, ligou para a reportagem e disse que pediria a sua desfiliação: "Vou me desfiliar, não sabia, mas nem lembrava que era filiado. Isso deve ter sido quando eu tinha 21 anos".
O juiz da 2ª Vara de Tupi Paulista, Moisés Harley Alves Coutinho, 30, disse que foi filiado ao PDT entre 97 e 98, quando advogou para o partido. Depois, ao ingressar na magistratura, pediu a baixa na zona eleitoral de Teodoro Sampaio. "Não sei o que ocorreu e porque não tiraram meu nome."
Outros, no entanto, disseram que nunca assinaram fichas de inscrição nem tiveram qualquer aproximação partidária. Como o juiz eleitoral de Mogi das Cruzes, Marco Antonio Rodrigues Nahum. "Nunca fui filiado, nem poderia ser pois sou juiz de direito". Ao ser informado de que o nome dele e o número do título constavam como filiado ao PMDB, disse rindo: "Não tinha um partido melhor?". Ele disse que seu nome foi incluído sem seu conhecimento e que irá pedir a retirada imediata.
O procurador da República Wanderley Sanan Dantas, de Niterói (RJ), também disse nunca ter se filiado ao PTC, como consta na listagem do TSE. O número do título confere. Por meio da assessoria de imprensa da Procuradoria, informou que irá pedir a instauração de um procedimento criminal para apurar o uso indevido do seu nome. "Isso é um absurdo. Não conheço ninguém do PTC", disse. (LC e RV)


Texto Anterior: Politização inflada: Responsáveis por filiados, siglas admitem erros
Próximo Texto: São Paulo: Marta ganha o apoio do "gerentão" de Pitta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.