São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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FORTALEZA

Candidata petista, que terminou o 1º turno em segundo lugar, tem agora 51% das intenções de voto, contra 39% de pefelista

Luizianne está 12 pontos à frente de Moroni

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A primeira pesquisa Datafolha sobre a disputa pelo segundo turno para a Prefeitura de Fortaleza (CE), feita em parceria com o jornal "O Povo", mostra a candidata do PT, a deputada estadual Luizianne Lins, 12 pontos percentuais à frente do deputado federal Moroni Torgan (PFL-CE).
Luizianne, que não contava nem com o apoio do próprio partido e que acabou o primeiro turno atrás de Moroni, tem agora 51% das intenções de voto, enquanto o pefelista aparece com 39%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
O levantamento foi realizado na última quinta-feira, dia 14, com 880 eleitores. A pesquisa foi registrada na 2ª Zona Eleitoral de Fortaleza com o número 26/2004.
Excluídos os votos brancos e nulos, com 3%, e os indecisos, com 6%, Luizianne fica com 57% dos votos válidos, contra 43% de Moroni, segundo a pesquisa.

Rejeição
O Datafolha também verificou a rejeição dos candidatos: 41% dos entrevistados disseram que não votariam em Moroni Torgan de jeito nenhum, contra 29% que rejeitam Luizianne.
Grande parte das intenções de voto da candidata petista, que acabou o primeiro turno com 22,29% dos votos, é de eleitores do deputado federal Inácio Arruda (PC do B-CE), que tinha o apoio da cúpula nacional do PT, mas acabou a eleição em terceiro lugar. Dos que votaram no comunista, 71% disseram que pretendem votar em Luizianne.
O PC do B já declarou oficialmente apoio à candidata, mas de forma bastante fria, por meio de uma nota em que o nome de Luizianne não foi citado. O próprio Arruda não apareceu ainda para declarar seu voto a ela. Luizianne também herdou 50% dos eleitores que votaram em Aloisio Carvalho (PMDB) no primeiro turno. Já o eleitorado de Antonio Cambraia (PSDB) se dividiu igualmente entre os dois finalistas.
A petista mantém também larga vantagem entre os mais escolarizados (tem 79% das intenções de voto neste segmento) e entre os que ganham mais de dez salários mínimos (com 75%).
Para atrair esses votos, Moroni Torgan, que teve 26,59% dos votos no primeiro turno, tenta se afastar do rótulo de xerife.

Campanha
O levantamento já mostra o efeito da propaganda eleitoral no rádio e na TV, que começou em Fortaleza na segunda-feira passada. No ar, os candidatos têm protagonizado uma troca de ataques constante. A campanha de Moroni mostra em inserções uma reportagem publicada no jornal "O Globo", que fala sobre a proposta de Luizianne de criar uma disciplina sobre educação sexual nas escolas municipais, com aulas sobre homossexualismo. A propaganda insinua que nas aulas haverá a incitação à prática homossexual. A coligação da petista pediu a suspensão do programa, mas a Justiça Eleitoral o manteve no ar.
A campanha de Luizianne, por sua vez, respondeu ao ataque com mais ataques, ao dizer que a proposta foi distorcida pela propaganda e que Moroni "não aprendeu a respeitar as pessoas". Como estratégia da campanha, a candidata ainda ressalta que o pefelista não é de Fortaleza (ele é gaúcho).
A petista passou todo o primeiro turno rejeitada pelo próprio partido, inclusive pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a gravar uma mensagem de apoio a Inácio. Com sua chegada ao segundo turno, ela reunificou o partido, mas não conta com boa parte da base de apoio do governo federal no palanque. Das legendas governistas, apenas o PC do B e o PPS declararam que vão apoiá-la.
Ao lado de Moroni ficaram o PL e a parte do PMDB ligada ao ministro Eunício Oliveira (Comunicações), que, apesar de afirmar estar neutro na disputa em Fortaleza, tem atuado nos bastidores em favor do candidato pefelista.


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