|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Oposição vê fascismo na PF; governo reage e vê golpismo
Tasso acusa Márcio Thomaz Bastos de fazer "artimanhas" para proteger presidente
"Oposição quer privatizar a investigação, quer criar um clima de República do Galeão", afirma ministro da Justiça, que defendeu PF
KENNEDY ALENCAR
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reagiu ontem às acusações da oposição
de que atua para que a Polícia
Federal não desvende a origem
do dinheiro do caso do dossiê e,
assim, beneficie a candidatura
à reeleição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
"A oposição quer privatizar a
investigação, quer criar um clima de República do Galeão
com um discurso antiinstitucional", disse, em alusão a apuração paralela do atentado contra Carlos Lacerda feita em
1954 por oficiais da FAB (Força
Aérea Brasileira) antes do suicídio de Getúlio Vargas.
Segundo o ministro, a PF
"tem feito uma investigação
impecável" a respeito da tentativa de petistas de comprar um
dossiê envolvendo tucanos
com a máfia dos sanguessugas.
Indagado se a citação à "República do Galeão" era uma forma de acusar a oposição de golpismo, o ministro disse preferir
afirmar que ela "faz discurso
antiinstitucional" porque não
apontaria "um único fato concreto" que pudesse mostrar
que sua conduta tem sido inadequada. "A conduta é republicana, impessoal, transparente."
Segundo o presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati
(CE), o ministro atuou como
"intermediário e articulador de
uma artimanha" para blindar o
ex-assessor do Palácio do Planalto Freud Godoy e "marginalizar" delegados da Polícia Federal que atuavam "de maneira
independente no caso".
"Não vamos admitir que a
Polícia Federal seja transformada em polícia política do governo Lula. Vamos reagir dentro do Parlamento com todas as
forças e armas legítimas que a
democracia nos confere para
que a Polícia Federal não siga
esse caminho absolutamente
fascista, com afastamento, perseguição e ameaça a profissionais, e o uso irregular de instalações da PF", disse Tasso.
Após reunião entre os presidentes do PSDB, PFL e PPS,
ontem à noite, a oposição
anunciou que: 1) vai anexar à
ação em curso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma petição para que sejam ouvidos
"todos os envolvidos", inclusive
Thomaz Bastos; 2) pedirá à
OAB que formalmente passe a
acompanhar as investigações;
3) ingressará com nova representação no TSE contra Lula
sob a acusação de crime eleitoral "na compra" do apoio do governador Blairo Maggi (PPS-MT); e 4) cobrará explicações
da direção da PF sobre a demora nas investigações do caso.
A iniciativa da oposição foi
motivada por uma reportagem
da revista "Veja", segundo a
qual houve encontro fora do
horário regular na Superintendência da Polícia Federal em
São Paulo entre pessoas ligadas
diretamente a Lula e Gedimar
Passos, preso na PF de São Paulo. Thomaz Bastos negou.
A revista disse que haveria
uma operação de "limpeza de
alto risco", o que levou os oposicionistas PSDB e PFL a subir
o tom, acusando Thomaz Bastos de agir parcialmente. O ministro disse que o diretor-geral
da PF, Paulo Lacerda, procurou
a cúpula da PF paulista e que
ela negou o suposto encontro
entre Gedimar, Freud Godoy e
José Carlos Espinoza, assessor
especial de Lula licenciado para
trabalhar em sua campanha.
O ministro disse que a PF lhe
informou que o único encontro
entre Freud e Gedimar aconteceu numa acareação. Quando
preso, Gedimar citou Freud como mandante da compra do
dossiê. Depois, recuou.
O ministro insinuou que a
oposição faz críticas à investigação da PF para tentar vitaminar a candidatura de Geraldo
Alckmin (PSDB). "Lamento
que as labaredas eleitorais estejam tentando diminuir um trabalho que renovou e melhorou
a Polícia Federal."
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|