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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Dinheiro tem origem criminosa, diz Biscaia
Justiça determina à PF que apresente relatório parcial da investigação sobre a compra do dossiê antes das eleições
Apesar de superintendente da polícia afirmar que a apuração está avançando, delegado deve pedir hoje mais prazo para inquérito
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio
Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem em Cuiabá (MT)
não haver "a menor dúvida que
a origem do dinheiro [da compra do dossiê contra tucanos] é
criminosa". O juiz da 2ª Vara
Federal de Cuiabá, Jeferson
Schneider, solicitou à Polícia
Federal que até as eleições faça
relatório, mesmo parcial, sobre
a origem dos dólares e reais.
Biscaia deu as declarações
após sair da PF, onde conversou com o delegado Diógenes
Curado, que cuida do caso, e de
se reunir com o juiz Schneider.
"O levantamento já permite
dizer que não há, no período
[fim de agosto até o dia 15 de setembro], saques lícitos", afirmou Biscaia. O deputado recebeu cópia do inquérito da PF e
também dados sobre o sigilos
telefônicos dos envolvidos na
negociação do dossiê.
O superintendente da PF em
Mato Grosso, Daniel Lorenz de
Azevedo, afirmou acreditar
que, antes das eleições, deve ser
esclarecida a origem do dinheiro, mas que será "impossível"
concluir as investigações.
Conforme Lorenz, a informação sobre a origem do dinheiro será repassada à Justiça
Federal e ao Ministério Público
Federal. "Não vou convocar
uma coletiva com a imprensa
para dar informação", afirmou.
Lorenz disse que a PF trabalha "no tempo da investigação,
e não no tempo do calendário
eleitoral". Ele foi cauteloso sobre a suposta origem criminosa
do dinheiro. "Estamos trabalhando com esta hipótese. É
uma boa tese. Vamos ver se se
confirma ou não", afirmou o
superintendente.
Mais prazo
Embora a PF esteja, conforme o superintendente, "fazendo diligências que apontam em
um sentido bem conclusivo"
com expectativa de "novidades
até sexta-feira", ela pedirá amanhã prorrogação no prazo de
30 dias para conclusão do inquérito sobre o caso dossiê. Curado deve solicitar no mínimo
mais um mês.
O inquérito foi aberto no dia
18 de setembro, após a apreensão, no dia 15 no hotel Ibis em
São Paulo, de R$ 1,168 milhão e
US$ 248,8 mil que seriam usados na compra do dossiê.
A PF está investigando 30 casas de câmbio, operadoras de
turismo e companhias que
compraram dólares que integram o lote do qual saíram cédulas apreendidas na prisão.
As empresas ficam em São
Paulo, Rio de Janeiro, Santa
Catarina e Paraná, e desde a semana passada vêm sendo alvo
de investigações policiais.
Ao chegar nos escritórios das
empresas, a PF determina que
os responsáveis informem todas as operações que efetuaram
com dólar, a fim de identificar o
destinatário final do dinheiro.
Uma das dificuldades para os
policiais identificarem os compradores finais dos dólares suspeitos é a qualidade dos registros mantidos por empresas
que disponibilizam a moeda estrangeira no mercado.
As operações investigadas
pela PF somam US$ 29 milhões, que chegaram ao Brasil
por meio de duas compras de
dólares realizadas pelo banco
Sofisa nos dias 17 (US$ 14 milhões) e 30 (US$ 15 milhões) de
agosto. É neste universo que os
investigadores buscam chegar
ao comprador de um lote de
US$ 110 mil em notas seriadas.
A PF também ouvirá hoje em
Brasília o deputado Ricardo
Berzoini (PT-SP). Ele era coordenador-geral da campanha do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no período em que o dossiê foi negociado.
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