São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Para Lula, Senado precisa ser "sério" e aprovar a CPMF

Na África, presidente mostra preocupação com votação de emenda e exige fidelidade de parlamentares da base aliada

Sobre a sucessão na Casa, presidente afirma que o comando é direito do PMDB e que acredita na volta de Renan Calheiros ao cargo

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRAZZAVILLE (CONGO)

No segundo dia de visita à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu dos senadores a aprovação da emenda que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ele ainda passou recados à Casa, dizendo que a presidência do Senado é direito do PMDB e que crê na volta de Renan Calheiros (PMDB-AL) ao cargo.
Em Brazzaville, capital da República do Congo (África central), Lula cobrou "seriedade" dos senadores. "Só queria que os senadores, em vez de pensar em si próprios ou nos seus partidos, pensassem no momento auspicioso que vive o Brasil e que tentassem contribuir para que continue sua trajetória de desenvolvimento."
Segundo Lula, "sairá caro se a CPMF não for aprovada". "Espero que na hora que algum senador votar contra diga onde vamos arrumar R$ 40 bilhões para fazer o que precisa fazer. É só isso que quero: seriedade."
Ele mandou ainda em público o recado que já havia transmitido em privado a líderes partidários, de que não vai tolerar pedidos de cargos durante o trâmite da emenda. "Não acho que seja correto em cada votação as pessoas apresentarem uma pauta de reivindicação. Na hora de votação, não tem negociação", disse Lula, pouco antes de almoçar com o presidente local, Denis Sassou-Nguesso.
Ao contrário de viagens recentes, em que se mostra contrariado ao abordar temas domésticos, Lula fez questão de falar sobre a CPMF. E exigiu ainda fidelidade da base. "Ou nós temos uma base aliada construída em cima de pontos que nós assumimos, ou não temos base aliada", afirmou.
O tempo do governo é exíguo. Precisa aprovar a emenda até 31 de dezembro, para não correr o risco de perder a receita anual de R$ 40 bilhões.
Lula lembrou que a maioria dos senadores já votou pela prorrogação da CPMF no passado. "Acho importante que todo mundo releia discursos de quatro ou oito anos atrás e mantenha a posição." Lula omitiu, porém, que ele próprio e seu partido também mudaram de posição: eram radicalmente contra a contribuição.
Ele descartou dividir receita com Estados e municípios e vislumbrou um futuro em que o tributo não seja necessário.

Renan
Lula cobrou também um "processo de discussão política no Senado", para resolver a paralisia em que se encontra a instituição por conta das denúncias contra Renan.
Um dia após dizer que "nada muda" com a saída de Renan, Lula disse crer que ele vai reassumir. "Renan apenas pediu uma licença de 45 dias. Voltar ele vai, obviamente." Para o presidente, as chances de o PT manter a presidência do Senado são nulas. "O PMDB, como maior partido no Senado, tem o direito de ter a presidência."


Por falta de opções de vôos comerciais entre Burkina Fasso e Congo, os jornalistas Fábio Zanini e Eduardo Knapp viajaram em avião da Força Aérea Brasileira.


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