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Para Lula, Senado precisa ser "sério" e aprovar a CPMF
Na África, presidente mostra preocupação com votação de emenda e exige fidelidade de parlamentares da base aliada
Sobre a sucessão na Casa, presidente afirma que o comando é direito do PMDB e que acredita na volta de Renan Calheiros ao cargo
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRAZZAVILLE
(CONGO)
No segundo dia de visita à
África, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva exigiu dos senadores a aprovação da emenda que
prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ele ainda
passou recados à Casa, dizendo
que a presidência do Senado é
direito do PMDB e que crê na
volta de Renan Calheiros
(PMDB-AL) ao cargo.
Em Brazzaville, capital da
República do Congo (África
central), Lula cobrou "seriedade" dos senadores. "Só queria
que os senadores, em vez de
pensar em si próprios ou nos
seus partidos, pensassem no
momento auspicioso que vive o
Brasil e que tentassem contribuir para que continue sua trajetória de desenvolvimento."
Segundo Lula, "sairá caro se a
CPMF não for aprovada". "Espero que na hora que algum senador votar contra diga onde
vamos arrumar R$ 40 bilhões
para fazer o que precisa fazer. É
só isso que quero: seriedade."
Ele mandou ainda em público o recado que já havia transmitido em privado a líderes
partidários, de que não vai tolerar pedidos de cargos durante o
trâmite da emenda. "Não acho
que seja correto em cada votação as pessoas apresentarem
uma pauta de reivindicação. Na
hora de votação, não tem negociação", disse Lula, pouco antes
de almoçar com o presidente
local, Denis Sassou-Nguesso.
Ao contrário de viagens recentes, em que se mostra contrariado ao abordar temas domésticos, Lula fez questão de
falar sobre a CPMF. E exigiu
ainda fidelidade da base. "Ou
nós temos uma base aliada
construída em cima de pontos
que nós assumimos, ou não temos base aliada", afirmou.
O tempo do governo é exíguo.
Precisa aprovar a emenda até
31 de dezembro, para não correr o risco de perder a receita
anual de R$ 40 bilhões.
Lula lembrou que a maioria
dos senadores já votou pela
prorrogação da CPMF no passado. "Acho importante que todo mundo releia discursos de
quatro ou oito anos atrás e
mantenha a posição." Lula
omitiu, porém, que ele próprio
e seu partido também mudaram de posição: eram radicalmente contra a contribuição.
Ele descartou dividir receita
com Estados e municípios e
vislumbrou um futuro em que
o tributo não seja necessário.
Renan
Lula cobrou também um
"processo de discussão política
no Senado", para resolver a paralisia em que se encontra a
instituição por conta das denúncias contra Renan.
Um dia após dizer que "nada
muda" com a saída de Renan,
Lula disse crer que ele vai reassumir. "Renan apenas pediu
uma licença de 45 dias. Voltar
ele vai, obviamente." Para o
presidente, as chances de o PT
manter a presidência do Senado são nulas. "O PMDB, como
maior partido no Senado, tem o
direito de ter a presidência."
Por falta de opções de vôos comerciais entre
Burkina Fasso e Congo, os jornalistas Fábio Zanini e Eduardo Knapp viajaram em avião da Força
Aérea Brasileira.
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