São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Nem pensar

Ao dizer ontem que não comentaria a crítica recebida de Lula "porque ele não é candidato a presidente no ano que vem e porque eu não defini se serei candidato ou não", acrescentando que "essa decisão só será tomada pelo meu partido e por mim no ano que vem", José Serra estava respondendo não apenas ao adversário mas também ao aliado. No caso, o DEM, que, preocupado com a desenvoltura da campanha de Dilma Rousseff (PT), aumentou a pressão para que o PSDB coloque sem demora o bloco na rua.
Em público, Serra foi "light". Em privado, escalou Sérgio Guerra para avisar aos "demos" em termos mais duros que não há hipótese de ele ceder à pressão.




À flor da pele. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, ligou para o do PSDB, Sérgio Guerra, em protesto por não ter sido chamado para um jantar que reuniu em São Paulo os "demos" Gilberto Kassab e Jorge Bornhausen, Orestes Quércia (PMDB) e o tucano Aloysio Nunes Ferreira.

Incomodou 1. Não passou despercebida pelo Planalto a entrevista dada ao jornal "Valor" pelo marqueteiro Luiz Gonzalez, colaborador de longa data de Serra e provável responsável pela comunicação se o tucano disputar a Presidência em 2010. O adjetivo mais usado pelos governistas foi "arrogante", pelo fato de Gonzalez ter se referido a Dilma como "essa mulher".

Incomodou 2. Para colaboradores de Lula, o marqueteiro esboçou uma linha de campanha ao dizer que Serra conservará êxitos do atual governo, como o Bolsa Família, e poderá aprimorá-los porque tem "experiência". Dizem, porém, que Serra teria se desviado desse curso já no dia seguinte, ao bater na visita da comitiva presidencial às obras no rio São Franscisco.

Lama. Lula telefonou de Cabrobó (PE) para Michel Temer, possível vice na chapa de Dilma, cobrando-o em tom de brincadeira por não participar da caravana. "O Geddel está dizendo que você tem de vir sujar o pé de barro". Também brincando, Temer prometeu organizar uma viagem de líderes partidários ao local.

Planilha. No trecho baiano da viagem, Márcio Fortes (Cidades) informou a Lula que o total da verba do PAC em saneamento e habitação para a região é de R$ 5,8 bi. Geddel Viera Lima (Integração), que não desgrudou de Lula, reagiu: "Nossa! Tem mais dinheiro seu do que meu aqui!".

Longo prazo. Normalmente discreto a respeito do tema sucessão gaúcha, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), disse ontem que alimenta o sonho de disputar o governo... em 2014.

Curto prazo. Peemedebista com melhor desempenho nas pesquisas para 2010, Fogaça disse apoiar o ex-governador Germano Rigotto e defendeu que o partido defina logo o nome do candidato.

Menos, menos. Dono da sunga mais famosa do final dos anos 70, Fernando Gabeira (PV-RJ) saiu em defesa de Eduardo Suplicy (PT-SP), que anteontem vestiu sunga vermelha no Senado a pedido do "Pânico na TV". "Quebras de decoro mais sérias foram absolvidas pela Casa recentemente", disse o deputado. Mas também puxou a orelha no senador: "Quem dá entrevista a humoristas está sujeito a fazer papel ridículo".

Tour. Depois da baixa derivada das restrições a visitas impostas durante a crise no Senado, o Congresso bateu recorde no final de semana prolongado: 5.713 pessoas.

Vizinhança. Reunidos em Macapá (AP), os governadores da Amazônia declararam apoio à entrada da Venezuela no Mercosul. Único tucano presente, José de Anchieta (RR) prometeu apelar a seu partido contra a decisão de rejeitar a proposta no Senado.

com SILVIO NAVARRO e FÁBIO ZANINI

Tiroteio

Lula prometeu viver como os nordestinos durante três dias. Mas com uísque, risoto e banheiro privativo, fez o contrário: levou um pedaço de Brasília para o sertão.

Do deputado ACM NETO (DEM-BA), sobre a estrutura montada para a visita presidencial às obras de transposição do São Francisco.

Contraponto

Em laboratório

A Comissão de Agricultura do Senado realizava uma audiência pública sobre clonagem animal, com a participação de pesquisadores da Embrapa. Constrangido pelo fato de que apenas dois colegas estavam presentes, o presidente, Valter Pereira (PMDB-MS), tentou ser espirituoso:
-Vou mandar amarrar os senadores numa piola.
Quando, ainda assim, Gilberto Goellner (DEM-MT) ameaçou se levantar para sair, Pereira não aguentou:
-Vou aproveitar que os pesquisadores da Embrapa estão aqui e mandar clonar uns senadores.
João Pedro (PT-AM), o outro senador na sala, opinou:
-Acho que seria melhor combinar antes com o eleitor...


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