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Petista transforma entrega de casa em programa de auditório
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CABROBÓ (PE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou ontem
a solenidade de entrega de uma
vila rural, em Cabrobó (PE), em
uma espécie de programa de
auditório -com direito a sorteio de casas, broncas ao microfone e torcida da plateia.
Durante uma hora e cinco
minutos, o presidente comandou o show ao microfone, abraçando e entrevistando sorteados e controlando ministros e
governadores, coadjuvantes de
palco no improvisado sorteio
promovido por ele para distribuir as 55 casas da vila a 55 lavradores que tiveram suas terras cortadas pelas obras da
transposição das águas do rio
São Francisco.
A programação previa inicialmente o sorteio de apenas
três casas. Mas o presidente decidiu cancelar os discursos logo
no início da solenidade e continuar a festa.
Com um microfone nas
mãos, levantou-se da cadeira e
perguntou para as cerca de 500
pessoas da plateia se elas aprovavam a sua ideia. "Ééééé", respondeu o público, formado em
sua maioria por famílias de trabalhadores rurais e operários
da obra de transposição.
Aval dado, o presidente foi à
frente do palco. Um a um, chamou as autoridades presentes
para sortear as casas, retirando
de um aquário nomes escritos
em pedaços de papel.
Atenderam a convocação os
ministros Geddel Vieira Lima
(Integração Nacional) e Franklin Martins (Comunicação),
os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e
do Ceará, Cid Gomes (PSB),
além do deputado federal e pré-candidado do PSB à Presidência, Ciro Gomes. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) havia
viajado antes para Fortaleza.
Esgotadas as autoridades,
Lula -que sorteou as casas 1, 7,
13 e 55- chamou até o cinegrafista oficial que registrava as cenas no palco para participar da
festa. Depois, sem opções, escolheu um nome fixo para a função: "Dudu, fica em pé e vai tirando", disse ele para o governador de Pernambuco.
A cada nome anunciado o público gritava: "Ele merece". E o
presidente pedia: "Suba aqui
meu filho". Como as grades que
isolavam o público atrapalhavam o acesso, Lula ordenou a
retirada de parte do bloqueio.
Descontraídos, os sorteados
abraçavam ministros e governadores no palco. Lula chegou a
ter seus pés tirados do chão
num abraço dado por um dos
beneficiados. Ciro Gomes fez o
mesmo com outro lavrador.
Por duas vezes, o presidente
entrevistou trabalhadores. "Vai
criar o que, um cabrinha leiteira, uma galinha, um capote [galinha d'angola]? Muito bem",
afirmou. Animado, o público
devolvia: "Lula, Lula, Lula".
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