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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Palocci atribui a Lula responsabilidade por política econômica, reitera que não é "insubstituível" e distribui elogios a ex-presidentes
Só fico com o projeto atual, diz ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Como havia feito na entrevista
coletiva concedida em agosto, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) aproveitou o depoimento de ontem no Senado para
dizer que não é "insubstituível" e
atribuir ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a responsabilidade
pela política econômica. Sinalizou, porém, que não fica no governo se essa política mudar.
"Muitas medidas da política
econômica são políticas: o presidente tem de adotar. E, sem o
concurso do presidente, elas não
têm o mínimo de eficácia, o mínimo de sucesso", disse. "Estou preparado para realizar esta política.
Não acho que devemos mudá-la.
Não há sinais do presidente de
que ela deve mudar."
Em outro momento, Palocci
deixou claro que sua permanência no governo está associada à
preservação dos rumos adotados
na economia: "É muito importante para que o governo possa conduzir sua política econômica que
haja coesão e um rumo muito claro em relação a essa condução. A
minha força é para realizar este
projeto, e não outro."
O ministro utilizou a primeira
metade de sua exposição inicial
de 50 minutos para, como de praxe, louvar os resultados econômicos obtidos nos últimos anos: superávits comerciais recordes, inflação sob controle, a primeira redução da dívida pública em dez
anos e o maior crescimento econômico no mesmo período.
Ao desenvolver a tese de que
"ninguém é insubstituível", Palocci disse que a estabilidade e o
crescimento são conquista de políticas e instituições, não de pessoas. "Não somos super-homens,
heróis." E aproveitou para distribuir afagos à oposição.
O ministro dividiu com os governos anteriores, em especial o
de Fernando Henrique Cardoso,
os bons resultados econômicos
que listou. "Os ganhos da política
econômica são resultado de uma
década de esforço", disse.
Da gestão tucano-pefelista, citou como méritos a adoção do
câmbio flutuante, que permitiu a
ampliação das exportações, da
política de metas de inflação e a
aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Itamar Franco foi
lembrado em razão do Plano
Real. José Sarney foi elogiado pela
criação da Secretaria do Tesouro
Nacional e a extinção da conta pela qual o governo emitia moeda
por meio do Banco do Brasil.
Lula mereceu atenção especial.
Palocci abordou indiretamente as
críticas ao governo por ter abandonado o antigo ideário petista
em favor da ortodoxia liberal até
hoje rejeitada pelo PT. "Refiro-me aqui à coragem do presidente
Lula, de ter contrariado inclusive
orientações políticas anteriores,
de ter se sujeitado a críticas importantes, para fazer aquilo que
precisava ser feito."
Como oposição, o PT foi contra
o Plano Real, a política de metas
de inflação, as metas de superávit
primário e questionou na Justiça a
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Para Palocci, a conversão do PT às
políticas que atacava valeu a pena.
"Estamos entrando [...] em um
dos mais importantes e longos ciclos de crescimento que a economia brasileira experimentou nas
últimas décadas."
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