São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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CPI vê ligação entre deputado petista e envolvidos com dossiê e quer convocá-lo

RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os contatos telefônicos entre o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) e o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso ocorreram em datas-chave da negociação para a compra do dossiê antitucano, indicou ontem a CPI dos Sanguessugas.
Reportagem da Folha mostrou que Abicalil e Expedito, um dos negociadores da aquisição do material, se falaram por telefone por pelo menos 20 vezes em agosto e setembro, além de duas outras ligações entre o deputado e Valdebran Padilha, que negociava a papelada em nome da família Vedoin, que coordenava os sanguessugas.
O nome do deputado, que nega envolvimento no caso, não havia surgido até o momento nas investigações.
"A alta freqüência de telefonemas entre os dois, em um período crítico da negociação para a compra e venda do dossiê exige que o deputado dê explicações à CPI", afirmou o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que apresentará pedido de convocação do petista.
"A troca de telefonemas em datas específicas e relevantes dentro do processo de negociação justifica que a CPI investigue o caso", disse Carlos Sampaio. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator, disse acreditar que Abicalil se envolveu no episódio. "Acredito que ele tenha participado das negociações."
Abicalil divulgou ontem nota dizendo que "até o momento não conhece os dados anunciados". Ele afirmou jamais ter sido "notificado da possibilidade de sua vinculação, seja pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal ou pela própria CPI". Disse que requisitará cópia das quebras de sigilo telefônico mencionadas. À Folha, anteontem, Abicalil disse não ter sido informado por Expedito sobre as negociações.
Conforme relatado na reportagem, a CPI constatou que o maior número de ligações trocadas, nove, ocorreu no dia 22 de agosto, véspera da primeira ida de Expedito a Cuiabá com o objetivo de iniciar a negociação para a aquisição do dossiê.
O cruzamento feito pela CPI mostra ainda três ligações em 5 de setembro, dez dias antes da prisão de Gedimar e Valdebran. Também no dia 5, há o registro dos contatos entre o deputado e Valdebran.
"Nesta data, em Brasília, ocorreu o segundo encontro entre Expedito, Valdebran, Gedimar e Darci Vedoin para finalização das tratativas quanto ao valor a ser pago pelo dossiê", diz o relatório da CPI.


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