São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Eleição implode comando petista em SP

Disputa pelo Diretório Estadual do partido divide as principais estrelas e ameaça a unidade eleitoral

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

No Estado onde o PT foi mais atingido pelos recentes escândalos do mensalão (2005) e dos aloprados (2006), a disputa para comandar o Diretório Estadual de São Paulo implodiu a cúpula do partido e já ameaça a unidade da sigla rumo às eleições de 2008 e 2010.
Dois candidatos despontam como favoritos e dividem as estrelas petistas, até então historicamente unidas no controle do PT paulista. Edinho Silva, prefeito de Araraquara, tem o apoio dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, do ministro Luiz Marinho (Previdência) e do deputado Rui Falcão, por exemplo.
Mas Zico Prado, deputado estadual, é amparado na sua campanha, entre outros, pelos deputados federais João Paulo Cunha e Cândido Vaccarezza e pelo atual presidente estadual do PT de São Paulo, Paulo Frateschi, até pouco tempo histórico aliado de Dirceu.
Antes da crise do mensalão (escândalo da transferência de recursos pelo PT a parlamentares), em 2005, todos transitavam próximos ao antigo Campo Majoritário, hoje CNB (Construindo um Novo Brasil).
A eleição, marcada para o dia 2, misturou as correntes. A disputa, no entanto, indica que será pouco provável a união dos petistas em torno das candidaturas para as eleições, já que até o grupo da ministra Marta Suplicy (Turismo), hegemônico na capital, está rachado.
"Eu não sei o motivo de eles [aliados da ministra] não estarem me apoiando", diz Zico Prado, integrante da tendência Novo Rumo, ligada à Marta e criada na esteira do mensalão.
Zico não conta com o voto de Falcão, por exemplo, ex-secretário de Governo da petista na Prefeitura de São Paulo.
"Estou com Edinho pela história política dele, experiência como prefeito, pela proposta de reformas e capacidade organizativa, haja visto o leque de apoios a sua candidatura, que misturou quase todas as tendências", diz Falcão.
Oficialmente do CNB, a chapa de Edinho agrega nomes do Novo Rumo que entendem que Frateschi, envolvido no caso do dossiê (tentativa frustrada de compra de um dossiê contra tucanos) continuará com forte influência no diretório se Zico vencer. Para esse grupo, é preciso renovação.
"Houve uma tentativa de buscar um nome que unificasse, mas eles [grupo de Zico] acharam por bem lançar um candidato que representasse a atual direção", diz Edinho.
Os dois lados não arriscam palpites, mas concordam que a possibilidade de haver segundo turno é grande, o que pode acirrar ainda mais os ânimos.
Com isso, caso Marta, nome tido como "natural", não aceite concorrer à prefeitura paulistana ano que vem, o PT deverá se engalfinhar no processo de definição de seu candidato, ainda que os atuais postulantes ao diretório estadual neguem.
Podem votar na eleição todos os filiados ao PT em dia com suas obrigações partidárias. Em caso de nenhum dos candidatos obter maioria simples dia 2, haverá segundo turno. Também disputam a eleição Renato Simões, Angélica Fernandes, Pedro Santinho e Misa Boito.


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