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CAMPO MINADO
Vice-presidente da CNA critica Plano Nacional de Reforma Agrária
Para ruralista, Lula "agita" o campo e prejudica produção
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de
São Paulo) e vice-presidente da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Fábio
de Salles Meirelles, afirmou ontem que as propostas do governo
federal para o Plano Nacional de
Reforma Agrária são "conflituosas, prejudiciais e desestimulantes
à classe produtora rural".
Segundo Salles Meirelles, o plano "revela uma clara intenção desapropriatória" e "poderá agitar
reações no campo de todos os
matizes", além de provocar queda
na produção agrícola.
Com o anúncio do plano, no
mês passado, o governo de Luiz
Inácio Lula da Silva ganhou uma
promessa de trégua temporária
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e elogios da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), órgão máximo da Igreja Católica no
Brasil e um dos principais atores
na história de organização dos
trabalhadores rurais no país.
Até 2006, segundo o projeto inicial, o governo pretende assentar
400 mil famílias. Ainda de acordo
com o plano, 130 mil receberão
crédito fundiário e 500 mil terão
suas terras tituladas.
As críticas foram enviadas pelo
ruralista a sindicatos rurais patronais de São Paulo -representados pela Faesp-, que atingem,
ele afirma, cerca de 500 municípios do Estado.
Salles Meirelles diz acreditar
que o objetivo do projeto apresentado pelo governo federal
-que ainda está recebendo representantes de ruralistas e sem-terra para discutir modificações- é "facilitar" a desapropriação de terras, mesmo produtivas.
Duas modificações propostas
pelo projeto são as mais duramente criticadas pelo presidente
da Faesp. A primeira é a que equipara os desrespeitos trabalhistas e
ambientais à improdutividade
como condição para a desapropriação de terras. Atualmente, a
desapropriação é feita primordialmente em função da improdutividade da terra.
O segundo ponto criticado por
Salles Meirelles é o que modificaria o índice que mede a utilização
da terra, elevando a exigência de
produtividade. Isso, ele diz, "pode
transformar terras atualmente
consideradas produtivas em improdutivas". "O governo quer
avançar com maior facilidade nas
terras que estão produzindo", declara Salles Meirelles.
Ele acusa o governo de ser "insensível e imprudente" nas medidas propostas. "São papéis que estão sendo feitos no gabinete, em
Brasília, sem nenhum conhecimento da realidade nacional."
(RAFAEL CARIELLO)
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