São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Para 55%, situação econômica vai melhorar

Pesquisa Datafolha revela que expectativa sobre diminuição do desemprego no 2º mandato de Lula, porém, divide os entrevistados

Melhores avaliações sobre mercado de trabalho para os próximos quatro anos estão no Nordeste; Sul e Sudeste reúnem os mais pessimistas

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos brasileiros acredita que sua situação econômica vai melhorar no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A expectativa positiva atinge 55% dos entrevistados, segundo pesquisa Datafolha, e é praticamente igual à registrada pouco antes da primeira posse de Lula, em 2003 (54%).
O recorde de expectativas positivas com o atual governo se deu em dezembro de 2004 (ano em que o país cresceu 4,9%), quando 65% dos brasileiros esperavam uma melhora em seu padrão econômico.
Em relação ao desemprego, os entrevistados se dividiram em praticamente três partes iguais entre os que acreditam que ele deve aumentar (34%), diminuir (32%) e ficar exatamente como está (31%).
Nessa mesma área, porém, quanto maior a renda do entrevistado, maior o temor do desemprego. Apenas 33% dos que ganham até dois salários mínimos acham que o mercado de trabalho vai piorar. Entre os que recebem mais de dez salários mínimos, a taxa é de 46%.
O resultado da pesquisa espelha em grande medida o mercado de trabalho, onde as vagas com maiores salários enfrentam uma combinação de saldo negativo com redução de rendimentos nos últimos seis anos.
Em relação ao poder de compra, 38% esperam que ele aumente no segundo mandato do presidente e apenas 22% acham que ele deve diminuir.
Sobre inflação, 33% acham que ela vai subir. As mulheres (37%) são mais pessimistas que os homens (29%), talvez por participarem mais ativamente da economia doméstica.

Regiões
Regionalmente, as avaliações mais otimistas em relação a emprego, inflação e poder de compra estão no Nordeste. As mais pessimistas, no Sul e no Sudeste. O Nordeste concentrou não só a maior força eleitoral de Lula em 2006 mas também a maior parcela da população beneficiada pela ampliação de programas assistenciais como o Bolsa Família ou parcialmente subsidiados, como os pagos pela Previdência.
Para o economista Guilherme Loureiro, da consultoria Tendências, apesar da expectativa de melhora entre a população, o segundo mandato de Lula não deve trazer muitas surpresas positivas do ponto de vista do crescimento. "Deve ser mais do mesmo. Não enxergamos um cenário de aumento de produtividade, investimentos e renda que, em última análise, alavancam o crescimento", diz.
O economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no governo Lula, afirma que "existe uma opinião ampla, geral e difusa" de que a economia vai bem, mas ela seria ilusória.
Para Lessa, o otimismo entre os mais pobres é justificado pelo aumento da abrangência dos programas sociais. Entre os mais bem remunerados, ele não vê um quadro de evolução positiva. "Com os juros no patamar atual, o investimento não vai deslanchar. E o governo sabe que um crescimento maior trará nova crise no setor energético." (FERNANDO CANZIAN)


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