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Para 55%, situação econômica vai melhorar
Pesquisa Datafolha revela que expectativa sobre diminuição do desemprego no 2º mandato de Lula, porém, divide os entrevistados
Melhores avaliações sobre mercado de trabalho para os próximos quatro anos estão no Nordeste; Sul e Sudeste reúnem os mais pessimistas
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos brasileiros
acredita que sua situação econômica vai melhorar no segundo mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
A expectativa positiva atinge
55% dos entrevistados, segundo pesquisa Datafolha, e é praticamente igual à registrada
pouco antes da primeira posse
de Lula, em 2003 (54%).
O recorde de expectativas
positivas com o atual governo
se deu em dezembro de 2004
(ano em que o país cresceu
4,9%), quando 65% dos brasileiros esperavam uma melhora
em seu padrão econômico.
Em relação ao desemprego,
os entrevistados se dividiram
em praticamente três partes
iguais entre os que acreditam
que ele deve aumentar (34%),
diminuir (32%) e ficar exatamente como está (31%).
Nessa mesma área, porém,
quanto maior a renda do entrevistado, maior o temor do desemprego. Apenas 33% dos que
ganham até dois salários mínimos acham que o mercado de
trabalho vai piorar. Entre os
que recebem mais de dez salários mínimos, a taxa é de 46%.
O resultado da pesquisa espelha em grande medida o mercado de trabalho, onde as vagas
com maiores salários enfrentam uma combinação de saldo
negativo com redução de rendimentos nos últimos seis anos.
Em relação ao poder de compra, 38% esperam que ele aumente no segundo mandato do
presidente e apenas 22%
acham que ele deve diminuir.
Sobre inflação, 33% acham
que ela vai subir. As mulheres
(37%) são mais pessimistas que
os homens (29%), talvez por
participarem mais ativamente
da economia doméstica.
Regiões
Regionalmente, as avaliações
mais otimistas em relação a
emprego, inflação e poder de
compra estão no Nordeste. As
mais pessimistas, no Sul e no
Sudeste. O Nordeste concentrou não só a maior força eleitoral de Lula em 2006 mas também a maior parcela da população beneficiada pela ampliação
de programas assistenciais como o Bolsa Família ou parcialmente subsidiados, como os
pagos pela Previdência.
Para o economista Guilherme Loureiro, da consultoria
Tendências, apesar da expectativa de melhora entre a população, o segundo mandato de Lula não deve trazer muitas surpresas positivas do ponto de
vista do crescimento. "Deve ser
mais do mesmo. Não enxergamos um cenário de aumento de
produtividade, investimentos e
renda que, em última análise,
alavancam o crescimento", diz.
O economista Carlos Lessa,
ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no
governo Lula, afirma que "existe uma opinião ampla, geral e
difusa" de que a economia vai
bem, mas ela seria ilusória.
Para Lessa, o otimismo entre
os mais pobres é justificado pelo aumento da abrangência dos
programas sociais. Entre os
mais bem remunerados, ele
não vê um quadro de evolução
positiva. "Com os juros no patamar atual, o investimento
não vai deslanchar. E o governo
sabe que um crescimento
maior trará nova crise no setor
energético."
(FERNANDO CANZIAN)
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